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O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:



Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fomos procurados pela diretoria do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais, que nos expressou a preocupação do setor quanto à carga tributária hoje praticada pelo Governo Federal.

Os produtores de cachaça de alambique no Brasil foram atingidos, na esfera federal, por 2 medidas que prejudicam diretamente seu processo produtivo, comprometendo a sua sobrevivência e causando graves prejuízos à economia de diversas Unidades da Federação, como o meu Estado de Minas Gerais.

Num país tão carente de postos de trabalho, parece-me primordial manter na ativa os cerca de 450 mil trabalhadores do setor, que movimenta 1,5 bilhão de reais e gera 100 milhões de reais de impostos. Precisamos de medidas eficazes para aliviar a carga tributária que lhe é imposta.

Os produtores foram impedidos, a partir de 1° de janeiro de 2001, por meio da Medida Provisória n° 2.189-49, de 23 de agosto de 2001, de optar pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, instituído pela Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996.

Em seguida, a Secretaria da Receita Federal reclassificou os valores do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI -incidente sobre as cachaças mineiras, com majoração em até 600%, o que vem trazendo grande insatisfação ao setor, já que inviabiliza todo o processo produtivo.

O impedimento de opção pelo SIMPLES aos fabricantes de bebidas, em especial os pequenos produtores de aguardente de cana, acarretou elevação da carga tributária sobre eles incidente e também aumento da burocracia para a manutenção do seu negócio.

A exclusão do SIMPLES, aliada ao regime especial do IPI, com critério de incidência ad valorem e com excessivas classes de enquadramento, oneram de forma pesada o setor e inviabilizam o desenvolvimento da produção de cachaça, feita, na maioria, por pequenas indústrias familiares.

Diante disso, Sras. e Srs. Deputados, por se tratar de medida de grande alcance econômico e social, apresentamos projeto de lei que permite a inclusão dos fabricantes de aguardente de cana no SIMPLES, e desde já esperamos contar com o apoio de nossos eminentes pares para a sua aprovação.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:



Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a decisão dos médicos mineiros de cobrar consulta das pessoas que têm plano de saúde é uma medida desesperada para pressionar as operadoras a corrigirem os valores repassados a esses profissionais. A intenção é que os planos reembolsem aos consumidores em vez de passar aos prestadores o valor referente às consultas. Essa decisão nasce da necessidade do médico, do prestador de serviço mostrar à sociedade que há mais de dez anos as operadoras vêm sufocando e predando esse sistema suplementar.

Essa situação é reflexo do descaso com que esses profissionais são tratados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, que vem fazendo vista grossa à condição de extrema desigualdade que favorece os planos de saúde em detrimento dos profissionais que prestam serviços nessa área.

Como era de se esperar, tornou-se iminente que uma solução seja dada a esse impasse. Essa medida dos médicos, não deve ser entendida como um processo regular de negociação, pois não traz vantagem para nenhum dos atores desse sistema, nem para o paciente, nem para o próprio médico, nem para o plano de saúde. Essa situação é uma situação extrema e que não deveria acontecer, mas eu compreendo a existência dela, uma vez que os planos de saúde obtiveram no decorrer de 10 anos, um aumento de 170%, e aos prestadores, médicos, dentistas, hospitais, todos os que trabalham na área de saúde com planos de saúde, não foi repassado nesse período nenhum reajuste. Isso é no mínimo uma covardia que se faz, cobrando mais caro do usuário e não repassando a qualidade dos serviços aos prestadores.

É inaceitável, que numa relação comercial, onde tem que haver a cooperação e o comprometimento de todos os envolvidos, apenas uma das partes seja beneficiada. O contrato oferecido pelas operadoras de planos de saúde aos prestadores, tornou-se um instrumento de coação, que impõe condições de verdadeira subordinação.

Só através de lei poderemos assegurar que os reajustes obtidos pelos planos de saúde sejam automaticamente repassados aos prestadores, mas infelizmente o lobby, a pressão dos planos de saúde, impede que as coisas no âmbito da saúde suplementar funcionem de uma maneira normal, tranqüila. O que se busca é a igualdade. Nós queremos que se dê aos médicos, aos hospitais, aos dentistas, uma contraprestação pelo serviço, mas uma contraprestação decente, e infelizmente, a pressão que se faz e a falta de vontade dos que até hoje comandaram a Agência Nacional de Saúde é flagrante, eles não querem de maneira alguma normalizar o funcionamento desse sistema. É simples, é tranqüilo, porque não afetará ninguém, ninguém terá prejuízo do ponto de vista comercial normal. Mas os intermediários da saúde suplementar, que são os planos de saúde, não querem perder o que já estão levando de vantagem.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, essa greve deflagrou um momento muito crítico, pois essa questão é mostrada somente do ponto de vista do usuário prejudicado. É claro que o usuário tem direito, mas esses profissionais, que estão há mais de dez anos sem a decência no relacionamento comercial, também precisam lutar em busca de justiça e igualdade. Planos de saúde, que tem o poder financeiro, estão abafando qualquer ação que vise a eqüidade nas relações comerciais entre prestadores e usuários.

É normal que numa negociação comercial cada parte empreenda esforços para obter garantias e direitos, mas regras básicas precisam existir. Nesse caso específico da relação comercial entre tomadores e prestadores de serviço de saúde, por exemplo, o pagamento do serviço prestado não tem data para ser feito, o valor que se manda para cobrança, não é o valor aceito. Se o prestador não aceita trabalhar numa determinada condição, não aceita deixar de fazer um determinado exame, é descredenciado, perde o emprego. Teoricamente, é mandado embora daquela lista. Médicos mais antigos, que no passado foram professores universitários, servidores do INPS, que são pessoas ativas, não podem hoje entrar no sistema, porque este fechou suas portas. Esses profissionais estão no mercado, são competentes e não são aceitos. Então não tem um credenciamento seletivo, baseado na qualidade e na competência. Então quer dizer, não há justiça no relacionamento. Eu acho que é isso que os médicos estão querendo agora.

A insatisfação com os planos de saúde, não é somente dos consumidores, mas também dos médicos. Nós tivemos nesta Casa a CPI dos Planos de Saúde que levantou muitos casos de irregularidades cometidos pelas operadoras dos planos, no entanto, elas continuam agindo soberanamente porque não houve até hoje nenhum resultado prático. Nós fizemos um relatório, enviamos ao Ministério da Saúde, enviamos ao Ministério Público, à Agência Reguladora, mas daí ao passo definitivo de criar as normas que foram sugeridas por nós na CPI, ficou um vácuo enorme. Não basta só a CPI denunciar, apurar, propor soluções, e no final estas soluções irem para uma gaveta. O Ministério da Saúde está com problema em vários Estados do Brasil com relação a esse movimento de cobrar consulta, não é só em Minas, a Bahia também está, o Rio de Janeiro esteve há pouco tempo. Está com esse problema porque não quer aceitar a melhor solução, que é a normatização das propostas que objetivam a eqüidade comercial entre os segmentos que atuam na saúde suplementar.

A desculpa da contratualização não funciona mais. Não dá mais para fingir que esse mecanismo é eficaz. Trata-se de um contrato que favorece o unilateralismo. Se no momento da renovação, por exemplo, o hospital, o médico, ou odontólogo, não concordarem com as regras que o convênio impõe, propicia com mais facilidade ainda o descredenciamento, isso é na verdade uma proposta para desemprego.

Os médicos, tanto quanto os consumidores, são reféns das operadoras de planos de saúde. E nesse momento, é bom que se esclareça aos pacientes, que o vilão dessa história não é o médico. Por isso há a necessidade de esclarecer a realidade, mostrar isso com verdade. Porque nesse momento o que vai se dizer nos Procon’s, o que vai se dizer em órgãos de defesa do consumidor é que o usuário tem direito e ninguém nega esse direito, mas esses órgãos precisam olhar esse relacionamento com justiça, senão o médico vai continuar debilitado, como um vilão, e nós vamos continuar com um sistema perneta que está realmente dificultando a vida de diversos profissionais. Eu acho que nesse momento, para que o sistema possa continuar forte, continuar persistindo e prestando um serviço de qualidade para nossa sociedade é importante que os tomadores, que os planos de saúde, reconheçam que durante esses últimos dez anos, não repassaram nenhum reajuste obtido para os médicos. Reconheçam isso, façam um acordo para poder melhorar essa condição financeira, e não parem por aí, que estabeleçam um relacionamento comercial decente, para que não sejam vistos no mercado como predadores, pessoas que estão num negócio só para tirar o máximo, detonar o sistema, e depois inventar uma outra forma de ganhar dinheiro que é o que vem acontecendo hoje, infelizmente, na relação do plano com o prestador médico, no caso.
Muito obrigado.

FEBRASGO entrevista Mário Heringer


 
Jornal da Febrasgo: O senhor acredita que o descredenciamento unilateral e injustificado de profissional médico ou clínica de serviços médicos, é, nos dias atuais, o mais arbitrário e agressivo ato das operadoras de planos de saúde?
Mário Heringer: Não tenho a menor dúvida que este é o maior mecanismo de constrangimento usado pelas operadoras de Planos de Saúde sobre a livre prática médica. É a partir dessa possibilidade real de “demissão” que o médico é induzido à subserviência pela sua sobrevivência e dos seus. O descredeciamento é a arma silenciosa da chantagem usada explicitamente nos momentos de pressão econômica. É usada para não melhorar os preços pelos serviços, para diminuir o preço dos serviços, para restringir a solicitação de exames, para diminuir as reclamações pelos atrasos de pagamento, para diminuir as reclamações pelas glosas injustificadas, enfim, é a guilhotina pronta para agir em caso de reação às práticas comerciais predatórias.

Jornal da Febrasgo: Na sua opinião, como se explica a aprovação da Lei (9656-3/7/98) contendo tantos aspectos prejudiciais, desrespeitosos à atuação do médico e a de seus pacientes?
Mário Heringer: Eu não acompanhei o processo legislativo que criou a 9656/98, mas obtive informações que, o quê terminou sendo votado e aprovado foi uma “colcha de retalhos” mal costurada pelos parlamentares de então. Eu creio que já lá, naquela ocasião, o “lobby” dos planos de saúde funcionou e muito bem. É inimaginável que uma coisa tão ruim e esdrúxula possa ser sido aprovada. Muitos, aqui no Congresso Nacional, são levados pela boa fé, uma vez que, ninguém é obrigado a ser “especialista em tudo”, outros, são claramente direcionados pelos interesses de grupos econômicos, sociais ou políticos que representam. A conclusão tirada é que não tendo um representante efetivo da classe médica e dos prestadores de serviço esse mostrengo (9656/98) foi aprovada. As sociedades médicas e de representação de prestadores de serviços hospitalares precisam entender que representatividade política é fundamental para a defesa de seus legítimos interesses. Ela só se faz se o representante souber e entender o assunto que representa. Portanto, escolha bem os seus representantes.

Jornal da Febrasgo: O senhor acredita que a obrigatoriedade de relatório, detalhado como o senhor se refere na sua proposta do artigo 35-N a Lei 9656 3/7/88 vai contar com a aprovação “serena” das operadoras de planos de saúde?
Mário Heringer: Não, de maneira alguma teremos reação “serena” dos planos de saúde em relação a qualquer coisa que lhes tire os mecanismos habituais de pressão, constrangimento e lucro. O relatório deverá apresentar claramente o que foi glosado e o porquê, nós teremos a informação detalhada da diferença de preços (cobrado X pagos) não estaremos sendo submetidos à ignorância e, por outro lado as autoridades poderão estar controlando claramente a questão tributária e com isso constrangendo a sonegação fiscal. Vendo sob essa ótica eu creio que jamais isso será aprovado serenamente. Temos, entretanto, que lutar para saber qual é o valor que nos foi descontado pelos impostos e taxas retidos, pelos nossos erros (justificados) e, se com isso pudermos controlar a famosa “glosa linear”, já teremos andado um bom caminho na recuperação da decência do relacionamento comercial.

Jornal da Febrasgo: O senhor não acredita que a sua proposição ampla, austera e contundente não vai causar uma reação “intensa” das operadoras de saúde?
Mário Heringer: Eu tenho certeza que estou lutando pela sobrevivência do Sistema Suplementar de Saúde, não estou, apesar de no momento ser essa a impressão, pensando exclusivamente nos prestadores (médicos, hospitais, etc.). Algumas pessoas no seio das operadoras já começam perceber essa visão de segmento, mas ainda não têm agido positivamente para melhorar esse relacionamento.
Quando nós tivermos esse relacionamento respeitado amplamente, com austeridade e firmeza, teremos um sistema suplementar forte trabalhando por mais de 40.000.000 de brasileiros desafogando o Sistema Único de Saúde (SUS), dando melhor condição ao povo e ao governo brasileiro de ter e cuidar adequadamente de saúde do nosso país. O momento de luta pelo qual passamos hoje, acho eu, terminará com a conscientização dos gestores das operadoras de planos de saúde de que não teremos saída se continuarmos procedendo como se estivéssemos vivendo no presente o último dos nossos dias.
O futuro se mostrará promissor se conseguirmos equilibrar essas relações e a contundência de hoje objetiva acordar os tomadores (planos de saúde) e os fornecedores (fabricantes de materiais e insumos hospitalares) para a possibilidade de um futuro digno para todos os atores desse nosso sistema suplementar de saúde, principalmente para eles.

Jornal da Febrasgo: Quais as chances que o seu projeto tem de ser amparado, já que é sabido o poder de mobilização que tem as operadoras de saúde na Câmara?
• Descredenciamento unilateral / injustificado
• Exclusividade para credenciamento
• Relatórios fora do Padrão ANS
• Glosa de contas / procedimentos / valores
• Retenção arbitraria de tributos
• Pagamentos inquestionáveis dos procedimentos autoritários
Mário Heringer: Tudo que se propõe aqui nessa Casa Legislativa, a não ser por decisão do governo, onde se coloca a força da base governamental na aprovação, sofre um processo lento de evolução, mas estando ele aqui sendo discutido, mudado, melhorado, piorado, com apoio, de qualquer maneira ele esta sendo discutido e é um mecanismo de proposição de mudança da sociedade. Aqui se assiste freqüentemente, as partes interessadas resolverem seus problemas antes que nós, parlamentares, resolvamos. É comum projetos de lei ao serem aprovados já estarem desatualizados.
O tempo aqui, é muito lento e, se por um lado faz a decisão possível e equilibrada, por outro, deixa a sociedade sem parâmetros e angustiada. Velocidade não deve ser confundida com precipitação e falta de zêlo. Quanto as chances de vermos esses pleitos aprovados só dependerão de mobilização das entidades médicas/hospitalares e seus membros, atenção “e seus membros”. Todas as questões que propomos são justas e de maneira alguma acarretarão em prejuízo para as operadoras, exceto pelo poder de constrangimento ilegal que hoje as protege na omissão legal.
Agora, sou eu quem pergunta:
• O que pode ser mais lesivo as operadoras que o fim desse “negócio” ?
• O que pode ser mais justo que o descredenciamento somente por causas justas (erros/ilícitos provados) ?
• Porque não criar critérios de credenciamento objetivando o estímulo ao desenvolvimento profissional (residência, pós-graduação, etc.) pela qualidade ?
• Porque não temos formulários unificados para facilitar o trabalho e a geração de informação epidemiológica e de custos ?
• Porque não pagarmos nossas contas devidamente, no dia, com impostos corretos, sem glosas injustificadas e com valores corretos ?
• Porque não cuidarmos com carinho dos nossos clientes ?
A convicção que tenho é que agindo assim, incisivamente, estou lutando pela SAÚDE digna para o povo brasileiro, pelo EMPREGO garantido a milhões de brasileiros, pela EDUCAÇÃO CONTINUADA a milhares de médicos e profissionais de saúde brasileiros, pela INDÚSTRIA e EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA dos fornecedores de matérias e insumos da industria brasileira e, final e paradoxalmente pela sobrevivência dos planos de saúde brasileiros, hoje, os mais gananciosos do segmento (alguns de seus dirigentes).

Jornal da Febrasgo: A agência (ANS) tem chance de resolver isso?
Mário Heringer: A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) produto da colcha de retalhos da 9656/98, apesar de capenga teria condições de já ter minorado esse sofrimento, mas foi OMISSA propositalmente no primeiro mandato onde sua diretoria foi toda (ou quase) tirada do meio predador desse mercado. Criou a certeza de lucros para as operadoras, fingiu proteger os usuários, sufocou os prestadores numa clara OMISSÃO à MISSÃO dessa agência.
Passados os mandatos ela se “renova” com novo presidente que é bem visto pelas operadoras porque “entende o sistema pela nossa ótica”, novos diretores claramente ligados a operadoras em passado recente e novos assessores que são antigos diretores retornando ao controle.
A Agência (ANS) do jeito que foi e como esta, com a acomodação do Ministério da Saúde em não ditar políticas públicas para o setor suplementar, não irá melhorar nada para o Brasil. A vontade política ali, só será despertada como sempre, pela DEMANDA POPULAR.
Insistamos, então!

Fonte: Jornal da FEBRASGO, ano 11, nº 5, junho de 2004.
Site: www.febrasgo.org.br

Deputados encontram restos humanos em presídio

Presos protestam com cartazes © JB Online

Parentes aguardam informações © JB Online


Seis deputados das subcomissões de Segurança Pública e Direitos Humanos da Câmara dos Deputados visitaram hoje as instalações da Casa de Custódia de Benfica, onde 30 presos e um agente penitenciário morreram na rebelião que teve início no sábado, após uma tentativa de fuga em massa. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Mário Heringer (PDT-MG), disse que viu restos humanos dentro o prédio.

“Havia restos humanos e fios elétricos usados para assassinar os presos ainda no chão, quatro dias depois de terminado o motim”, afirmou o deputado. Ainda segundo o parlamentar, há muitos presos com marcas de ferimentos a tiro e com escoriações. Disse também que o presídio está muito destruído e que havia muita água ainda nos corredores e dentro das celas. Um dos presos entregou um pedaço de espelho ao deputado, que considerou o objeto uma arma em poder dos presos, apesar da vistoria já realizada pelo poder público estadual. Para Mário Heringer, a Casa de Custódia continua sendo um barril de pólvora, mesmo que os líderes do motim estejam separados dos outros presos.

Garotinho se recusa a receber deputados
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, recusou o convite para uma reunião como os membros das subcomissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Câmara. A decisão de Garotinho deixou os parlamentares revoltados. A deputada Laura Carneiro também criticou a atitude de Garotinho, e disse ser preciso despolitizar as ações de segurança no Estado.

Parlamentares estudam pedir intervenção
Os integrantes das comissões disseram que poderão sugerir a intervenção no sistema penitenciário fluminense com base no que viram na Casa de Custódia de Benfica. “É uma sugestão que vai ser feita ao Ministério Público, através do relatório que os parlamentares vão apresentar”, disse o deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ). Os parlamentares reuniram-se, no início da tarde, com o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira, para saber das medidas que estão sendo adotadas para melhorar a situação dos presos na casa de custódia. Segundo Biscaia, o secretário garantiu que, a partir de hoje, 44 presos que não fazem parte de qualquer facção criminosa serão transferidos para outros presídios. O mesmo procedimento será adotado em relação aos detentos que lideraram a rebelião.

Comissão quer afastamento de diretor
O ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, deputado Josias Quintal, também integrante das Comissão que visitou o presídio, disse que vai pedir ao secretário o afastamento do diretor da Casa de Custódia de Benfica. Segundo ele, um preso o teria informado que o diretor corre risco de vida. A deputada Denise Frossard (PSDB/RJ), relatora da Comissão de Segurança Pública, que participou da visita, condenou o fato do presídio ter sido construído num bairro residencial e a falta de transparência nas informações passadas à população e à imprensa pelas autoridades estaduais. “Nunca vi nada mais grave. As autoridades estão perdidas. Não há transparência. As pessoas estão sem informação”, afirmou. Frossard disse que o governo do Estado deveria ter formado um comitê para informar aos familiares sobre a situação dos presos amotinados. A Secretaria de Administração Penitenciária divulgou, até agora, somente o nome de 19 dos 30 mortos no motim que durou quase três dias. A nova recontagem dos presos na Casa de Custódia de Benfica e confirmou o número de 812 detentos na instituição. Antes da rebelião, havia 868 presos. Desses, 30 morreram durante o motim, 13 foram feridos e estão hospitalizados e outros 13 fugiram, sendo que quatro já foram recapturados e estão em outras unidades prisionais. Nove ainda estão foragidos.

Fonte: Redação Terra


Deputado diz que mistura de facções rivais de presos foi premeditada


Programa Câmara Hoje

Veja o aqui o vídeo do programa

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A Comissão Externa criada para acompanhar as investigações sobre a rebelião na Casa de Custódia de Benfica, no Rio de Janeiro, esteve nesta sexta-feira no presídio.

A jornalista Aline Machado conversou, por telefone, com o deputado Mário Heringer, coordenador da Comissão. Você acompanha a entrevista, em que o deputado explica que a mistura de presos de facções rivais comando vermelho e terceiro comando foi um ato premeditado para gerar o massacre

Fonte: TV Câmara

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados promoveu ontem a Conferência População Negra em Foco: Políticas Públicas e o Estatuto da Igualdade Racial.
Foram convidados para participar deste evento o Senador Paulo Paim, autor do Projeto do Estatuto da Igualdade Racial; o Deputado Reginaldo Germano, Relator do Projeto; o Deputado Luiz Aberto, Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial; o Prof. Ubiratan Castro, Presidente da Fundação Palmares; o Sr. Emir Silva, membro da Coordenação Nacional do Movimento Negro Unificado – MNU; a Sra. Valdina Pinto, Makota do Terreiro Tanuri Junçara, de Salvador; a Sra. Wânia Sant’Anna, Professora da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; a Ministra Matilde Ribeiro, Secretária Especial de Promoção de Políticas da Igualdade Racial; o Ministro Nilmário Miranda, Secretário Especial de Direitos Humanos; o Sr. Edson Cardoso, Assessor de Relações Raciais do Senador Paulo Paim.

Como Presidente dessa Comissão, tive o grande privilégio de poder participar desse momento histórico e importante para o Parlamento e para a sociedade brasileira e debater essa questão tão importante para a comunidade afro-descendente.

Finalmente, a Nação e o Estado brasileiro já reconhece a existência de manifestações de racismo no cotidiano e nas estruturas governamentais. Depois de mais de 500 anos, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso teve coragem em afirmar, perante os organismos internacionais, evidências de preconceito e discriminação contra a população negra.

É fato incontestável e real. Nas ruas, nas lojas, no aparato policial, nas escolas e tantas outras instituições há provas cabais quanto a práticas e tratamentos diferenciados entre negros e brancos.

É sabido que nas batidas e revistas policiais os negros são os que mais sofrem com a discriminação. Seja negro pobre ou de classe média, sempre será uma vítima em potencial da truculência policial.

Portanto, neste momento de reflexão e formulação de políticas públicas de reparação da dignidade e da cidadania da comunidade negra, é fundamental dizer que a implantação do Estatuto da Igualdade Racial será verdadeiramente o primeiro passo no caminho da libertação deste segmento.

É do conhecimento dos senhores e das senhoras que a dita abolição de 13 de maio significou apenas colocar os escravos na rua, deixando-os sem eira nem beira. Foi um decreto extremamente perverso, pois criou a idéia de liberdade sem dar condições para essas pessoas começarem as suas vidas.

Para onde foram esses escravos? Para onde foram os meninos libertos depois da Lei do Ventre Livre se os seus pais continuavam escravos? Certamente o Estado monárquico teve a insensatez de produzir os primeiros meninos de rua do Brasil. Poderia perguntar também: para onde foram os idosos alforriados pela Lei do Sexagenário? Como começar a vida após 60 anos de escravidão?

Essas são as perguntas que os livros de História e de Ciências Políticas deixaram de fazer como reflexão e introspecção social e individual. A lei da abolição foi um ato estético apenas para cumprir as exigências da opinião pública internacional, que cobrava dos senhores do Império a revogação imediata desse ato.

Em face deste discurso ideológico no sentido de que com a abolição da escravatura instituiu-se finalmente a democracia racial, os negros rebelam-se e insurgem-se nos recantos do País; mobilizam-se e encontram-se, mesmo contra a vontade do Estado e da sociedade.

Quando buscavam apoio nos órgãos governamentais, eram simplesmente repelidos em nome da falsa idéia de país da harmonia racial. O eminente sociólogo Clóvis Moura, autor do livro A Sociologia do Negro, narra em um dos capítulos que certa vez uma comitiva de negros do Estado de São Paulo chegou ao Palácio do Planalto para convidar o ex-Presidente Ernesto Geisel a participar de um encontro e de festejos da comunidade. Foram sumariamente expulsos do gabinete. Na semana seguinte, esse mesmo Presidente foi comemorar no Sul do País a festa de tradição do povo germano-descendente.

Este é o perfil do Estado brasileiro, um Estado que sempre priorizou etnias européias em nome do embranquecimento cultural e desenvolvimento econômico; um Estado que forjou a idéia de que certas habilidades profissionais pertenciam aos europeus, numa falsa concepção da existência de um determinismo social, político e econômico.

O Estatuto da Igualdade Racial será verdadeiramente a grande abolição dos negros neste País. Será o ponto de partida para estabelecer-se a igualdade de oportunidades e de trânsito através de compensações nas políticas públicas.

Não podemos temer a possibilidade de fazer valer o princípio da reparação. Aliás, não consigo entender o estranhamento de certos setores da sociedade, uma vez que o Estado brasileiro sempre adotou esta postura na proteção de segmentos considerados estratégicos. Qual a diferença de cotas para subsídios, subvenções, incentivo fiscal ou perdão de dívidas oficiais?

Portanto, a comunidade negra brasileira não está pedindo favor, mas apenas exigindo o mesmo tratamento nas políticas públicas, já que outros setores vêm recebendo total proteção do Estado.

Assim, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, ao patrocinar essa Conferência, deixa bem claro que enquanto estivermos à frente desse órgão lutaremos com todas as nossas energias para que a comunidade negra finalmente seja reconhecida como cidadã e que tenha os mesmos direitos de todos.

Sras. e Srs. Deputados, podem ter certeza de que estaremos lutando para que o Estatuto da Igualdade Racial seja aprovado, principalmente mantendo a idéia de um fundo compensatório, pois entendemos que a retirada desse item significa repetir a mesma trama maquiavélica feita pelos senhores escravos no texto da Lei Áurea.
Peço, Sr. Presidente, que autorize a divulgação deste pronunciamento nos veículos de comunicação desta Casa.
Muito obrigado.

Mário Heringer concede entrevista à rádio CBN

planodesaude_02Nesta segunda-feira os médicos mineiros começaram a cobrar consulta das pessoas que têm plano de saúde. Segundo o sindicato dos médicos a medida é uma forma de pressionar os planos a reajustarem os preços. A intenção é que os planos reembolsem aos consumidores em vez de passar aos profissionais o valor referente as consultas. A rádio CBN conversou sobre o assunto com o Deputado Federal Mário Heringer que fez parte da CPI que investigou os planos de saúde.

Deputado, bom dia!
Bom dia, é um prazer falar com a CBN.

O Senhor acredita que essa medida surta algum efeito tanto para médicos quanto para consumidores?
Olha, a gente tem que entender que essa medida não nasce da ambição por maior pagamento por consulta, ela nasce da necessidade do médico, do prestador de serviço mostrar à sociedade que há mais de dez anos os planos de saúde vêm sufocando e predando esse sistema suplementar. Nós não queríamos entender isso como um processo regular de negociação, eu não vejo nesse momento nenhuma vantagem para nenhum dos atores desse sistema, nem para o paciente, nem para o médico, nem para o plano de saúde. Essa situação é uma situação extrema e que não deveria acontecer, mas eu compreendo a existência dela, uma vez que os planos de saúde têm obtido aumento desde 1994 maior que 170%, e os prestadores, médicos, dentistas, hospitais, todos os que trabalham na área de saúde com planos de saúde, não obtiveram nesse período nenhum reajuste. Isso é no mínimo uma covardia que se faz, cobrando mais caro do usuário e não repassando a qualidade dos serviços aos prestadores.

E porque que não se consegue que os planos reajustem essas tabelas? Porque que não se pode através de Lei, por exemplo, obrigá-los a fazer essa correção?
Nós temos um projeto de lei que determina os reajustes obtidos pelos planos de saúde sejam automaticamente repassados aos prestadores. Infelizmente, o lobby, a pressão dos planos de saúde, impede que as coisas no Brasil funcionem no âmbito da saúde suplementar de uma maneira normal, tranqüila. O que se busca é a igualdade. Nós queremos que se dê aos médicos, aos hospitais, aos dentistas, uma contraprestação pelo serviço, mas uma contraprestação decente, e infelizmente, a pressão que se faz e a falta de vontade dos que até hoje comandaram a Agência Nacional de Saúde é flagrante, eles não querem de maneira alguma normalizar o funcionamento desse sistema. É simples, é tranqüilo, porque não afetará ninguém, ninguém terá prejuízo do ponto de vista comercial normal, exceto pelo aproveitamento que já usam, e isso aí eles não querem, perder o que já estão levando de vantagem. Me parece muito aquela frase que foi usada há muitos anos numa propaganda comercial que dizia “levar vantagem em tudo” , é assim que os intermediários da saúde suplementar, que são os planos de saúde estão agindo.

É o mesmo lobby tão forte quanto o lobby dos laboratórios farmacêuticos?
Sim, sem dúvida o grande problema nosso é que o poder financeiro está sobrepujando o poder executivo, o poder legislativo, o poder judiciário, esse quarto poder que sempre foi atribuído à mídia, eu posso dizer que hoje é o poder financeiro e a mídia tem a opção de escolher o lado que vai ficar nesse momento, da greve dos médicos, não é o momento de retalhar médicos, dizer que o Procon tem que agir, que o usuário… Claro que o usuário tem direito, mas tem que reconhecer a questão da justiça, esses profissionais estão há mais de dez anos sem a decência no relacionamento comercial, isso precisa ser feito. Laboratórios, planos de saúde, que tem o poder financeiro, estão exercendo o poder no nosso país.

Não é justo que nessa briga do rochedo com o mar, acabe sobrando para o marisco, não é Deputado?
O que ocorre sempre é que o marisco está no meio da pancada. Tudo bem que seja sacudido pra lá e pra cá, porque é normal num relacionamento comercial, mas regras básicas precisam existir, por exemplo o pagamento do serviço prestado não tem data para ser feito, o valor que se manda para cobrança, não é o valor aceito. Se o prestador não aceita trabalhar numa determinada condição, não aceita deixar de fazer um determinado exame, é descredenciado, perde o emprego teoricamente, é mandado embora daquela lista. Pessoas competentes por exemplo, médicos mais antigos, que no passado foram professores universitários, membros do INPS, que são pessoas ativas, não podem hoje entrar no sistema, porque o sistema fechou suas portas, essas pessoas estão no mercado, são competentes e não entram, então não tem um credenciamento seletivo, um credenciamento baseado na qualidade. Um pagamento feito a esses médicos, não pode ser feito em boleto bancário, você recebe o seu boleto bancário em casa para pagar o plano de saúde, mas o médico não pode, pois ele fica refém do dia, da hora, e quanto o plano de saúde quer pagar. Então quer dizer, não há justiça no relacionamento. Eu acho que é isso que os médicos estão querendo agora. Pelo simples fato de pedir o aumento no valor, que é o que está sufocando no momento, eu acho que isso precisa ser feito sim, mas precisa de regularizar esse relacionamento comercial.

Essa decisão dos médicos mineiros só demonstra a insatisfação que aliás já é conhecida com os planos de saúde, uma insatisfação que também é demonstrada pelos consumidores. A CPI dos Planos de Saúde levantou muitos casos de irregularidades que foram cometidos pelas operadoras dos planos, no entanto, parece que elas continuam agindo soberanamente. Qual foi o resultado prático da CPI, Deputado?
Olha, eu vou te dizer que resultado prático não houve algum, porque nós fizemos um relatório, enviamos ao Ministério da Saúde, enviamos ao Ministério Público, à Agência Reguladora, mas daí ao passo definitivo de criar as normas que foram sugeridas por nós na CPI, ficou um vácuo enorme, porque as nomeações dentro da Agência Nacional de Saúde continuam sendo políticas e atendem a um poder superior, que é o poder financeiro, eu não tenho dúvida disso. Pessoas que foram diretores da Agência Nacional de Saúde no mandato passado, voltaram como assessores da Diretoria atual, quer dizer, não mudou nada. Mudou o nome, mas o conceito continua, é uma inoperância total a Agência Nacional de Saúde do ponto de vista de regular o mercado na relação entre prestadores e tomadores, no caso planos de saúde. Então não tem chance de resolver isto, porque não basta só a CPI denunciar, apurar, propor soluções, e no final estas soluções irem para uma gaveta. O ministério da Saúde está com um problema em vários Estados do Brasil com relação a esse movimento de cobrar consulta, não é só em Minas, eu posso lembrar neste momento, a Bahia também está, o Rio de Janeiro esteve há pouco tempo. Está com esse problema porque não quer operar da maneira que tem que ser o serviço, ele não quer normatizar. Tem uma história de uma contratualização que é a grande desculpa que eles dão. “Olha, estamos agora fazendo a contratualização”. Essa contratualização não é nada mais nada menos que um mecanismo para fingir que está trabalhando e nesse momento determinar na hora que o hospital, ou médico, ou odontólogo vai fazer uma renovação desse contrato, se ele não aceitar as regras que o convênio impõe naquele momento, propicia com mais facilidade ainda o descredenciamento, isso é na verdade uma proposta para desemprego.

Em uma entrevista que o Senhor fazia aqui na CBN de Belo Horizonte no final do ano passado, o Senhor já dizia que os médicos eram reféns das operadoras de planos de saúde tanto quanto os consumidores. Essa decisão dos médicos mineiros, é bom que se diga, o vilão dessa história são os planos de saúde, mas essa decisão pode transformar aos olhos do consumidor, o médico em vilão?
Olha, eu acho que pode sim, foi por isso que eu disse que cabe ao poder, à mídia mostrar isso com realidade, mostrar isso com verdade. Porque nesse momento o que vai se dizer nos Procon’s o que vai se dizer em órgãos de defesa do consumidor é que o consumidor tem direito e ninguém nega esse direito mas esses órgãos precisam de olhar esse relacionamento com justiça, senão o médico vai continuar debilitado, como um vilão, como você disse, um marisco, no meio da guerra entre o rochedo e o mar e nós vamos continuar com um sistema perneta que está realmente dificultando a vida de diversos profissionais. Eu acho que nesse momento, para que o sistema possa continuar forte, continuar persistindo e prestando um serviço de qualidade para nossa sociedade é importante que os tomadores, que os planos de saúde, reconheçam que durante esses últimos dez anos, não repassaram nenhum reajuste obtido para os médicos. Reconheçam isso, façam algum acordo, para poder melhorar essa condição financeira, e não parem por aí, que estabeleçam um relacionamento comercial decente, para que não sejam vistos no mercado como predadores, pessoas que estão num negócio só para tirar o máximo, detonar o sistema, e depois inventar uma outra forma de ganhar dinheiro que é o que vem acontecendo hoje, infelizmente, na relação do plano com o prestador médico, no caso.

Talvez hoje no Brasil, o único negócio melhor do que ser dono de plano de saúde ou de um laboratório multinacional, seja ser dono de um banco?
Olha, esses três negócios são ótimos, eu não conheço o gerenciamento bem, mas ter também uma mina para extrair petróleo deve ser muito bom. Realmente é o domínio do poder financeiro. Quem pode mais é quem tem mais dinheiro no bolso para pressionar, não estou nem dizendo de uma forma ilícita não, mas criar situações que outro lado fique imobilizado.

Deputado Mário Heringer, muito obrigado pela entrevista, prazer tê-lo conosco Deputado, um bom dia para o Senhor.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a legislação que regula o setor de saúde suplementar no Brasil tem se mostrado ineficaz no que respeita às relações comerciais e trabalhistas existentes entre os planos de seguros e de assistência à saúde, os profissionais das áreas médica e odontológica que lhes prestam serviços e os consumidores.

Consciente da necessidade de aprimoramento dessa legislação, reuni-me com alguns colegas Parlamentares, que, como eu, são médicos por profissão, e sugerimos ao Exmo. Sr. Ministro da Saúde, Humberto Costa, a regulação das seguintes propostas para garantir o equilíbrio normativo entre operadoras, prestadores e consumidores:

1) Garantia de recebimento por serviço prestado
Garantir que os procedimentos previamente autorizados pelas operadoras de planos de saúde não possam ser submetidos a recursos administrativos para protelação ou suspensão de pagamento, uma vez que sua realização encontra-se condicionada a prévia autorização por parte da operadora.

2) Garantia de pagamento por meio de cobrança bancária
Assegurar às pessoas físicas ou jurídicas que negociam diretamente com as operadoras de planos de saúde o direito de efetuarem, de forma ágil e prática, suas transações comerciais por meio da rede bancária oficial, utilizando-se do recurso de faturas ou boletos bancários.

3) Determinação de prazos para ressarcimento de serviços prestados
Determinar um prazo máximo para que as operadoras de planos de assistência à saúde liquidem seus compromissos financeiros com os profissionais de saúde que lhes prestam serviços, evitando a prática, hoje comum, de adiamento interminável dos pagamentos, origem de prejuízos financeiros muitas vezes irreparáveis aos prestadores de serviço médico/odontológico.

4) Determinação de critérios para descredenciamento
Determinar que o descredenciamento de profissionais de saúde e entidades clínicas e hospitalares restrinja-se a razões de ordem legal, ética, sanitária ou de erro médico comprovado, impossibilitando, dessa forma, ações injustificadas da operadora ou em benefício próprio da mesma.

5) Proibição de recusa de credenciamento de profissionais
Estabelecer proibição à recusa, por parte das operadoras de planos de assistência à saúde, de credenciamento de profissionais de saúde que comprovem os seguintes requisitos básicos para o exercício de sua atividade com qualidade: graduação em Medicina ou Odontologia, residência médica ou equivalente, e registro no Conselho Regional de Medicina ou de Odontologia onde atua ou pretende atuar.

6) Determinação de padronização dos formulários de trabalho
Determinar que as operadoras de planos de assistência à saúde fiquem obrigadas à utilização de formulários padronizados, de acordo com modelo apresentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para a solicitação de exames, consultas, transferências de pacientes, perícias, cobranças e outras atividades que constituam os serviços contratados pelo consumidor.

7) Obrigatoriedade de divulgação de relatório de pagamento completo e detalhado
Tornar obrigatória às operadoras de planos de assistência à saúde a emissão de relatório completo, no ato do reembolso ou pagamento por serviços prestados, identificando o valor cobrado pelo prestador, o valor reconhecido pela operadora, o resultado da diferença existente entre ambos os valores, bem assim a justificativa para essa diferença, discriminando, igualmente, os valores referentes a glosa, tributos retidos, erro ou outra causa.

8) Proibição de contratos profissionais com previsão de unimilitância
Estabelecer proibição de que as operadoras de planos de assistência à saúde imponham aos profissionais de saúde contratos de exclusividade ou que contenham cláusulas com previsão de restrição a sua atividade profissional.

9) Obrigatoriedade de resposta imediata para autorização ou recusa de procedimento
Tornar obrigatória às operadoras de planos de assistência à saúde a disponibilização de serviço de atendimento 24 horas para fins de resposta a solicitação de autorização de procedimento, de modo a proibir às mesmas adiarem, sob qualquer pretexto ou alegação, ou se recusarem à prestação de resposta imediata às solicitações de autorização.

10) Criação de instrumento de denúncia contra desrespeitos aos direitos do consumidor
Constituir, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar, unidade estatal para fiscalização das relações entre as operadoras de planos de assistência à saúde e os consumidores, com disponibilização pública de central para comunicação e registro de queixas e denúncias, obrigando as operadoras a comunicarem a seus clientes a existência de tal unidade, bem assim os meios de acesso à mesma.
Essas propostas, Sr. Presidente, em sua maioria estão contidas nos Projetos de Lei nºs 2.056/03, 1.603/03 e 3.058/04, que apresentei nesta Casa. Porém, independentemente do empenho que tenho feito neste Parlamento, sinto-me na obrigação de recorrer a todos os meios legais em busca de uma solução para o estabelecimento de normas que regulem o setor de saúde suplementar com justiça e equilíbrio.
Como legislador, não posso me eximir dessa responsabilidade, pois a inexistência de dispositivos claros e positivados no atual quadro normativo que regula as relações trabalhistas e comerciais e os direitos do consumidor no campo da saúde favorece os interesses das operadoras em detrimento dos interesses dos prestadores e consumidores desse serviço.

Tenho certeza de que o Exmo. Sr. Ministro Humberto Costa também não será omisso e acolherá as sugestões que encaminhamos, a fim de promover, com igualdade e justiça, a defesa dos interesses da coletividade.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias realizou ontem audiência pública para tratar sobre “Direitos Humanos e Direitos Indígenas e o Lançamento no Brasil da Campanha Educativa sobre Direitos Humanos e Direitos Indígenas”. Para mim, é grande o paradoxo diante da dualidade conceitual, histórica e ética, instituída pela militância acadêmica, de colocar uma espécie de direito do ser humano de um lado e, de outro, o direito do índio, como se fossem antagônicos.

Claro que entendemos este antagonismo como produto da própria invenção da história moderna que o mundo ocidental sustentou na sua teoria de desenvolvimento humano. É evidente que, quando se traçaram os primeiros tratados sobre direitos humanos, não se pensava no índio, no negro, na questão de gênero e em outras diversidades próprias da existência humana. O padrão de humano preconizado na Carta de 1948 constitui-se na estética e civilidade européia, excluindo radicalmente outros povos e outras experiências humana. Tanto isso é verdade, Sr. Presidente, que, na ocasião em que a Câmara dos Deputados promoveu uma reforma nas Comissões Permanentes, houve enorme resistência em se colocar as questões das “minorias” juntamente com outras demandas tradicionais da área dos Direitos Humanos. Razão pela qual as questões indígena e de outras minorias sempre foram relegadas a segundo plano no processo legislativo. Até o ano passado, as minorias estavam niveladas às questões ambientais e do consumidor, numa verdadeira afronta ao ideal de uma sociedade multicultural e multifacetária, como de fato somos.

Estou ciente de que a nossa audiência é de extrema relevância e muito oportuna, principalmente diante dos últimos acontecimentos que vêm gerando conflitos entre a sociedade dita civilizada e nações indígenas. Sabemos que a visão etnocêntrica da sociedade acaba corroborando com o acirramento de conflitos. A idéia de que o “índio é igual a outro índio,” que é “preguiçoso” não passa de uma idiossincrasia daqueles que insistem em negar a complexidade étnica da sociedade nativa brasileira.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias tem acompanhado os últimos fatos relacionados com as comunidades indígenas. Lamentavelmente, estamos assistindo, perplexos, a uma crescente onda de violência entre os próprios índios, sem falar nos conflitos entre índios e garimpeiros, entre índios e comunidades não-indígenas, que vêm aumentando nesta última década de recessão econômica e de enxugamento da máquina do Estado.

Entendo que o episódio da Casa de Vivência em Sobradinho, Distrito Federal é um reflexo da própria negação do Estado e da sociedade, que não querem reconhecer o direito indigenato. Também estou convencido de que o episódio em Rondônia é um reflexo da falta de uma política clara e objetiva, do desinteresse em se buscar uma solução definitiva que possa fazer do Brasil uma nação verdadeiramente pacífica e digna do título de democracia racial. O descaso em não dar prosseguimento à tramitação do Estatuto do Índio já é um sinal de que o Estado e o Governo não consideram essa questão como prioridade.

Vale lembrar que o Estatuto do Índio tramita nesta Casa há mais de 10 anos, sem qualquer expectativa de ser incluído na agenda política e legislativa do Parlamento. Creio que, se o Estatuto fosse aprovado, várias questões estariam resolvidas, uma vez que a própria comunidade nativa brasileira tem interesse em obter um mínimo de direitos e deveres junto aos preceitos legais que norteiam o Estado Democrático de Direito.

Ao realizarmos essa audiência, queremos reiterar o nosso compromisso de que aquela Comissão iniciará uma campanha em favor da inclusão do Estatuto do Índio na Ordem do Dia dos trabalhados da Casa, pois tenho a compreensão de magistrado de que não adianta aqui sacrificar apenas a FUNAI, enquanto percebemos o seu progressivo esvaziamento institucional, juntamente com a falta de recursos para gerir as demandas da comunidade nativa.

Também queremos reafirmar ao Presidente da FUNAI que a nossa Comissão se prontifica a colocar-se como mediadora dos conflitos. Não queremos usar esta tribuna e todos os meios institucionais e políticos que esta Comissão goza apenas para fazer “denuncismo” vazio e desproposital, mas, sim, promover uma integração capaz de superar o burocratismo que impera na atual administração pública; para, enfim, numa parceria, construir um projeto que resolva em definitivo os conflitos e as contradições existentes entre brancos, negros e índios.

A aprovação do projeto de lei que institui Estatuto do Índio seria o marco legal para a superação dos conflitos existentes entre nativos e não-nativos brasileiros. Uma nação fraterna pressupõe um tratamento igualitário por parte do Estado; caso contrário, corremos o risco de assistir a uma barbárie étnica.
Na medida em que cresce a consciência dos povos que se sentem excluídos das políticas públicas e do projeto de nação brasileira, cresce, na mesma escala, a possibilidade de guerra étnica.
Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

Artistas acompanham votação do trabalho escravo


Os atores Letícia Sabatella, Marcos Winter e Chico Diaz, que são da OnG Humanos Direitos, conversaram com deputados e jornalistas, buscando defender a aprovação da PEC. Mais cedo, os artistas estiveram com o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Mário Heringer, com a intenção de demonstrar apoio à luta contra o trabalho escravo.

O Movimento Humanos Direitos conta com o apoio de atores, jornalistas, cartunistas, artistas plásticos, religiosos, professores, escritores e músicos e foi formado para usar a popularidade desses profissionais em favor dos Direitos Humanos.

Fonte: Agência Câmara

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