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Deputado denuncia as precárias condições de trabalho dos professores


O deputado Mário Heringer fez um pronunciamento em homenagem ao Dia do Professor, no qual ele lembrou a inviabilidade dos baixos salários da categoria, em contraste com a dedicação e o sério trabalho feito por esses profissionais no Brasil.

Mário Heringer comparou salários e cargos, mostrando quão frágil está a estrutura educacional no Brasil e a desvalorização do professor. Leia na íntegra o pronunciamento de Mário Heringer:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

Dia 15 de outubro comemorou-se mais um dia do professor. Novamente, como em todos os anos, vindas desta tribuna e das tribunas dos Parlamentos estaduais, municipais e do Senado Federal, ecoaram vozes comemorativas e verdadeiramente gratas pela contribuição inestimável dada aos filhos deste País pelos homens e mulheres que abraçam a docência como profissão, por gosto e por vocação. Pelo trabalho, a dedicação, a ética e – por que não? – a utopia do conhecimento, do progresso e da cidadania que nossos professores buscam dia a dia fazer introjetar em cada estudante, em cada novo cidadão brasileiro, só podemos mesmo agradecer.

E é por isso que inicio minha fala com um agradecimento breve, porém sincero: obrigado, professores, por fazerem seus os nossos filhos, ensinando-lhes o abismo que separa virtude e vício, certo e errado, atraso e progresso, dando-lhes carinho e afeição, combinados a disciplina, respeito e humildade; aproximando-os por fim, com ética e seriedade, do incomensurável patrimônio intelectual que a humanidade tem produzido e acumulado desde a noite dos tempos para seu próprio benefício e para beneficio do planeta.

Por redundante que pareça, Sr. Presidente, é imprescindível afirmar e reafirmar, agora e sempre: sem professores não há civilização. Por isso, aproveito o pouco tempo que tenho para expressar minha gratidão de homem público, de pai e de estudante. Obrigado, professores, muito obrigado!

Mas não vim aqui, Sr. Presidente, apenas relembrar o que não deve ser esquecido por qualquer sociedade. Vim, igualmente, cobrar do Governo Federal, do Presidente Lula, do Ministro Paulo Bernardo e do Ministro Fernando Haddad, o envio urgente a esta Casa de uma proposta de reajuste salarial para os docentes federais do País – professores e pesquisadores das Universidades Federais, dos CETEFEs e das Escolas Técnicas Federais, dos Colégios de Aplicação e do Colégio Pedro II.

É inominável a situação salarial dos docentes federais brasileiros. Inominável, Sr. Presidente! Uma breve olhada no Boletim Estatístico de Pessoal, divulgado regularmente pelo Ministério do Planejamento, mostra quão inferior é o salário dos docentes relativamente aos demais servidores públicos federais. Os professores que atuam na educação básica têm vencimentos que variam de R$1.542,47 (para graduados em início de carreira) a R$3.814,55 (para doutores em final de carreira). Os que atuam no nível superior – os professores universitários, aqueles que respondem pela mais expressiva parcela da produção científica e tecnológica do País – pasmem, ganham entre R$1.650,27 e R$5.131,49 por mês.

Pois bem, Sr. Presidente, R$5.131, 49 é o que ganha um professor doutor titular em nossas universidades federais, para uma jornada de 40 horas de trabalho semanais dedicadas ao ensino, à pesquisa e à extensão. R$5.131,49! Isto, Sr. Presidente, é menos do que ganham todos os demais servidores federais atuantes na área de pesquisa com a mesma titulação e, em muitos casos, com titulação até inferior ao doutorado.

Ao final da carreira, se possuir doutorado, um especialista da FIOCRUZ tem vencimento de R$9.298,06; um técnico de planejamento e pesquisa do IPEA, R$11.325,09; um pesquisador-tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais do INEP, R$7.380,16; um especialista sênior em Propriedade Intelectual do INPI, R$11.392,07; um pesquisador em Propriedade Intelectual do INPI, R$10.361,88; um pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE, R$8.552,00; um especialista em Metrologia e Qualidade Sênior do INMETRO, R$11.392,07; um pesquisador-tecnologista e analista executivo em Metrologia e Qualidade do INMETRO, R$10.361,88; e um professor titular, que fez um concurso público para ingressar na carreira regular e outro ao término da progressão funcional, R$5.131,49. Como eu havia dito: inominável!

Inominável e injustificável, Sr. Presidente. Porque, diferentemente dos mais de 2 milhões de professores atuantes na educação básica nos âmbitos estadual e municipal – para os quais esta Casa, enfim, decidiu-se a votar um piso salarial nacional – os docentes federais somam pouco mais de 115 mil trabalhadores, não havendo, portanto, a desculpa de que a categoria é numerosa demais para que sejam viáveis reajustes salariais relevantes. Se o Governo encontra recursos para viabilizar as carreiras de mais de 250 mil servidores de nível superior, todos com salário inicial superior ao pago aos docentes graduados, como se justifica que para a educação, para o professor, o pesquisador, o pensador não haja recursos? Como se justifica, Sr. Presidente, que o Estado brasileiro, no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários, pague um salário inicial de R$2. 268,66 a um auxiliar de serviços gerais e, nas escolas de educação básica federais, um professor ingresse na carreira ganhando R$1.542, 47 e se aposente, como doutor, com salário de R$3.814,55? Como podem os servidores de nível auxiliar da Imprensa Nacional ingressarem na carreira com vencimentos de R$3.335,87 e um professor universitário, graduado, ingressar com R$1.650,27 e egressar, doutor, se titular, com pouco mais de 5 mil reais? Como, Sr. Presidente, como?

E antes que alguns colegas me aparteiem, argumentando que a maior parte das carreiras do Executivo possui vencimentos subvalorizados e que a comparação pode dar a impressão de que todos os servidores públicos federais, com exceção dos professores, ganham muito bem, eu quero dizer que as comparações que faço são justamente para mostrar como, mesmo no âmbito do Executivo, onde sabidamente muitas carreiras são defasadas relativamente aos demais Poderes, os professores federais são injustificavelmente mal remunerados. Note, Sr. Presidente, que aqui não comparto os vencimentos dos professores com os de procuradores ou magistrados, mas com os de outros pesquisadores doutores e, inclusive, profissionais de nível educacional inferior.

E faço essa comparação, Sr. Presidente, apenas para mostrar o irrealismo da situação salarial dos docentes que atuam no âmbito federal no Brasil, sem me ater aqui à verdadeira indecência que são os salários dos professores na maior parte dos Estados e municípios do País. Aqui ao lado, no Município de Águas Lindas de Goiás, Entorno do Distrito Federal, um edital para concurso público de servidores municipais exibia, sem o menor pudor, a seguinte relação cargo/salário para uma jornada de 40 horas: mestre-de-obras, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$800,00; operador de máquinas, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$900,00; professor da educação básica, escolaridade mínima, curso superior de licenciatura plena ou normal superior, salário: R$760,00.

Isso, Sr. Presidente, em um mesmo edital onde todos os demais cargos de nível superior, sem exceção, tinham salários de R$2.000,00. Um pedagogo, um nutricionista, um turismólogo em Águas Lindas de Goiás ganham da Prefeitura Municipal R$2.000,00 de salário para 40 horas de trabalho, mas um professor, com nível superior, para as mesmas 40 horas, ganha o ridículo de R$760,00, menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas. Inominável!

Muito se diz que em matéria educacional salário não é garantia de qualidade. De fato, se pensarmos em uma relação linear simplória entre salário e qualidade do trabalho, é evidente que a assertiva será verdadeira. Mas se pensarmos que o salário é atrativo de mão-de-obra, podemos ver por que as carreiras burocráticas de alto vencimento, cuja exigência para ingresso é apenas o ensino médio ou a graduação de nível superior, vêm atraindo cada vez mais profissionais de alta formação acadêmica – em inúmeros casos, pessoas com perfil profissional e vocação não burocrática -, enquanto as escolas e universidades têm que contar com o interesse sacerdotal de alguns poucos vocacionados para a ciência e o ensino. É evidente que o salário interfere na qualidade da educação! Quanto menos atrativa for a universidade ou a escola para os profissionais de alta formação acadêmica tanto menos eles ingressarão em seus quadros.

A iniciativa de expansão da rede de CETEFEs e de universidades, com interiorização de campi e escolas em cidades pólo, é, ao lado da experiência dos CIEPs, uma das mais meritórias já realizadas em nosso País em matéria educacional. Jamais tantas escolas técnicas e tantas novas salas de aula no ensino superior foram criadas a uma só vez no Brasil, sem que se concentrassem unicamente nas capitais e nas grandes cidades. Hoje, pela primeira vez, as cidades médias e, por conseguinte, as cidades pequenas em sua área de influência – vale dizer, quase 90% de nossas cidades – podem contar com educação técnica e superior pública e gratuita, coisa jamais vista. É preciso reconhecer o esforço que o Governo Federal vem fazendo no sentido de democratizar o ensino, aproximando-o de sua real demanda, que se espalha por todo o território nacional e não apenas pelas capitais federais.

Mas isso não significa olvidar ou admitir a situação salarial de nossos professores. É preciso lembrar aos Ministros da área econômica que não há nação desenvolvida, civilizada, soberana e sustentável sem investimento em educação, ciência e tecnologia. E esse investimento não pode ser apenas em expansão das vagas no ensino, mas também em pagamento de salários decentes aos professores. Só assim será possível evitar a fuga de talentos da área educacional-científica para a burocracia, o mercado ou mesmo outros países. Não é possível que os pesquisadores das universidades federais ganhem a metade do que ganha um pesquisador do IPEA, do INPI, do INMETRO ou do IBGE; tampouco que um professor da educação básica ganhe menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas.

É preciso trazer os salários dos docentes das universidades federais – que além de professores são também pesquisadores e extensionistas – ao mesmo nível dos salários pagos nos melhores e mais bem remunerados centros de pesquisa do País e elevar o salário dos professores graduados a, no mínimo, o nível salarial dos demais servidores públicos com igual formação educacional. É preciso ter vontade política, coragem e compromisso com a Nação. Chega de discriminar os professores e depois subir às tribunas dos Parlamentos para lhes prestar homenagens. Se queremos homenagear nossos professores, então o façamos de verdade, traduzindo nosso reconhecimento social em salários decentes.

Anvisa e Polícia Federal combatem venda ilegal de medicamentos

crimes_02-2 Na manhã do dia 18 de outubro, foi deflagrada a continuação da Operação Placebo nos estados de São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal, numa ação conjunta com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que visa combater a venda ilegal de medicamentos e produtos sem registro oferecidos na INTERNET.

Fornecedores de anfetaminas, anabolizantes, fitoterápicos, entre outros, foram identificados através da rede mundial de computadores e se tornaram investigados em delito contra a incolumidade pública, que pela lei brasileira, trata-se de crime hediondo cuja pena varia de 10 a 15 anos.

Em São Paulo ouve uma prisão com a apreensão de medicamentos de vários tipos. No Distrito Federal foi preso um comerciante de anabolizantes pela WEB, tendo em seu poder medicamentos de comercialização não permitida. As investigações continuam. Por: Divisão de Comunicação Social Tel.: (61) 3311-8142

Fonte: Divisão de Comunicação Social da Polícia Federal

Agricultores de Manhumirim se mobilizam em prol da renegociação de dívidas

A mobilização iniciada pelo Sindicato dos Produtores Rurais, no mês de setembro, em torno da renegociação das dívidas dos agricultores junto aos bancos agora é regional. Na última segunda-feira, 15, uma reunião ocorreu em Manhumirim, no salão do Colégio Santa Terezinha, envolvendo cafeicultores e lideranças de vários municípios da nossa região para discutir o assunto.

Estiveram presentes presidentes de sindicatos de produtores rurais e agricultores de Manhumirim, Manhuaçu, Caputira, Simonésia, Alto Jequitibá, Carangola, Lajinha, Martins Soares, Caparaó, Reduto e Durandé.

Compuseram a mesa principal dos trabalhos o vice-presidente da FAEMG – Federação da Agricultura de Minas Gerais e integrante da comissão de cafeicultura da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, Breno Mesquita, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Manhumirim, Fernando Malostro, o Deputado Federal Dr. Mário Heringer e Mauro Heringer, do SPR de Manhumirim e da Associação de Cafés Especiais.

MANIFESTAÇÕES
O Deputado Federal Dr. Mário Heringer (PDT–MG), natural da cidade de Manhumirim, tem oferecido um grande apoio ao movimento. O parlamentar solicitou do superintendente do Banco do Brasil em Minas Gerais informações mais precisas sobre o volume da dívida e também protocolou o pedido de realização de uma audiência pública para debater o assunto na Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados, da qual faz parte.

Breno Mesquita, da região sul do Estado, participante ativo das rodadas de negociações das dívidas agrícolas junto às entidades do setor, contribuiu enormemente com a discussão. Além de ter esclarecido várias dúvidas do público ele informou sobre a realidade da dívida do setor agrícola e o esforço das entidades representativas em negociar os débitos, que só na cafeicultura ultrapassam 1,2 bilhões de reais.

Segundo Mesquita, nos últimos anos, o Governo está mais sensível e aberto às negociações. Mauro Heringer, um dos articuladores da mobilização, sugeriu que um grupo de cafeicultores, representando a nossa região, agende visitas com o Secretário de Agricultura de Minas Gerais, Gilman Vianna e com o Ministro da Agricultura, para levar as reivindicações da classe.

Mauro salientou que os cafeicultores que tiverem dúvidas quanto às suas dúvidas devem recorrer aos assessores jurídicos de seus sindicatos e que um advogado da FAEMG será disponibilizado para acompanhar o caso da nossa região. O público participou de forma ativa do debate. Muitos relataram a realidade dramática que estão vivenciando provocada pelas dívidas contraídas, emocionando e impactado os presentes.

O ALTO CUSTO
Na abertura da reunião, foi lido um documento elaborado pelos sindicatos envolvidos na manifestação citando as diversas linhas de crédito pelas quais os agricultores contraíram débitos, tais como: CPR Física, CPR Financeira, FUNCAFÉ, PRONAF, PROGER, MCR 62 e 64, CDC, PEAS e outras.

Na carta, as lideranças afirmaram que almejam o alongamento do prazo para pagamento das dívidas por trinta anos e a renegociação e o restabelecimento do crédito do produtor com dívidas vencidas, inclusive, as executadas, com juros de 3% e dois anos de carência.

Eles acreditam que a crise da cafeicultura, iniciada em 1996, ocorre por conta do baixo preço do café, especialmente nos anos de boa safra, elevação dos custos da produção, fatores climáticos e valorização da nossa moeda em relação ao dólar. No quadro, abaixo, os sindicatos mostraram a elevação dos custos da produção comparado ao pequeno aumento do valor da saca de café. (Texto e fotos – Senisi Rocha)


1996

2002

2007

Aumento

Saca Café

R$ 90,00 a 130,00

R$ 70,00 a 120,00

R$ 200,00 a 230,00

120%

Gasolina

R$ 0,64

R$ 1,90

R$ 2,69

321%

Diesel

R$ 0,37

R$ 1,14

R$ 1,89

400%

Adubo

R$ 14,00

R$ 33,75

R$ 42,50

300%

Balaio do café

R$ 2,00

R$ 2,50

R$ 6,00 a 10,00

400%

Salário mínimo

R$ 112,00

R$ 200,00

R$ 380,00

370%

Quadro demonstrativo do aumento considerável do custo da produção comparado à pequena alta do preço do café, nos últimos dez anos.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dia 15 de outubro comemorou-se mais um dia do professor. Novamente, como em todos os anos, vindas desta tribuna e das tribunas dos Parlamentos estaduais, municipais e do Senado Federal, ecoaram vozes comemorativas e verdadeiramente gratas pela contribuição inestimável dada aos filhos deste País pelos homens e mulheres que abraçam a docência como profissão, por gosto e por vocação. Pelo trabalho, a dedicação, a ética e – por que não? – a utopia do conhecimento, do progresso e da cidadania que nossos professores buscam dia a dia fazer introjetar em cada estudante, em cada novo cidadão brasileiro, só podemos mesmo agradecer.
E é por isso que inicio minha fala com um agradecimento breve, porém sincero: obrigado, professores, por fazerem seus os nossos filhos, ensinando-lhes o abismo que separa virtude e vício, certo e errado, atraso e progresso, dando-lhes carinho e afeição, combinados a disciplina, respeito e humildade; aproximando-os por fim, com ética e seriedade, do incomensurável patrimônio intelectual que a humanidade tem produzido e acumulado desde a noite dos tempos para seu próprio benefício e para beneficio do planeta.
Por redundante que pareça, Sr. Presidente, é imprescindível afirmar e reafirmar, agora e sempre: sem professores não há civilização. Por isso, aproveito o pouco tempo que tenho para expressar minha gratidão de homem público, de pai e de estudante. Obrigado, professores, muito obrigado!
Mas não vim aqui, Sr. Presidente, apenas relembrar o que não deve ser esquecido por qualquer sociedade. Vim, igualmente, cobrar do Governo Federal, do Presidente Lula, do Ministro Paulo Bernardo e do Ministro Fernando Haddad, o envio urgente a esta Casa de uma proposta de reajuste salarial para os docentes federais do País – professores e pesquisadores das Universidades Federais, dos CETEFEs e das Escolas Técnicas Federais, dos Colégios de Aplicação e do Colégio Pedro II.
É inominável a situação salarial dos docentes federais brasileiros. Inominável, Sr. Presidente! Uma breve olhada no Boletim Estatístico de Pessoal, divulgado regularmente pelo Ministério do Planejamento, mostra quão inferior é o salário dos docentes relativamente aos demais servidores públicos federais. Os professores que atuam na educação básica têm vencimentos que variam de R$1.542,47 (para graduados em início de carreira) a R$3.814,55 (para doutores em final de carreira). Os que atuam no nível superior – os professores universitários, aqueles que respondem pela mais expressiva parcela da produção científica e tecnológica do País – pasmem, ganham entre R$1.650,27 e R$5.131,49 por mês.
Pois bem, Sr. Presidente, R$5.131, 49 é o que ganha um professor doutor titular em nossas universidades federais, para uma jornada de 40 horas de trabalho semanais dedicadas ao ensino, à pesquisa e à extensão. R$5.131,49! Isto, Sr. Presidente, é menos do que ganham todos os demais servidores federais atuantes na área de pesquisa com a mesma titulação e, em muitos casos, com titulação até inferior ao doutorado.
Ao final da carreira, se possuir doutorado, um especialista da FIOCRUZ tem vencimento de R$9.298,06; um técnico de planejamento e pesquisa do IPEA, R$11.325,09; um pesquisador-tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais do INEP, R$7.380,16; um especialista sênior em Propriedade Intelectual do INPI, R$11.392,07; um pesquisador em Propriedade Intelectual do INPI, R$10.361,88; um pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE, R$8.552,00; um especialista em Metrologia e Qualidade Sênior do INMETRO, R$11.392,07; um pesquisador-tecnologista e analista executivo em Metrologia e Qualidade do INMETRO, R$10.361,88; e um professor titular, que fez um concurso público para ingressar na carreira regular e outro ao término da progressão funcional, R$5.131,49. Como eu havia dito: inominável!
Inominável e injustificável, Sr. Presidente. Porque, diferentemente dos mais de 2 milhões de professores atuantes na educação básica nos âmbitos estadual e municipal – para os quais esta Casa, enfim, decidiu-se a votar um piso salarial nacional – os docentes federais somam pouco mais de 115 mil trabalhadores, não havendo, portanto, a desculpa de que a categoria é numerosa demais para que sejam viáveis reajustes salariais relevantes. Se o Governo encontra recursos para viabilizar as carreiras de mais de 250 mil servidores de nível superior, todos com salário inicial superior ao pago aos docentes graduados, como se justifica que para a educação, para o professor, o pesquisador, o pensador não haja recursos? Como se justifica, Sr. Presidente, que o Estado brasileiro, no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários, pague um salário inicial de R$2. 268,66 a um auxiliar de serviços gerais e, nas escolas de educação básica federais, um professor ingresse na carreira ganhando R$1.542, 47 e se aposente, como doutor, com salário de R$3.814,55? Como podem os servidores de nível auxiliar da Imprensa Nacional ingressarem na carreira com vencimentos de R$3.335,87 e um professor universitário, graduado, ingressar com R$1.650,27 e egressar, doutor, se titular, com pouco mais de 5 mil reais? Como, Sr. Presidente, como?
E antes que alguns colegas me aparteiem, argumentando que a maior parte das carreiras do Executivo possui vencimentos subvalorizados e que a comparação pode dar a impressão de que todos os servidores públicos federais, com exceção dos professores, ganham muito bem, eu quero dizer que as comparações que faço são justamente para mostrar como, mesmo no âmbito do Executivo, onde sabidamente muitas carreiras são defasadas relativamente aos demais Poderes, os professores federais são injustificavelmente mal remunerados. Note, Sr. Presidente, que aqui não comparto os vencimentos dos professores com os de procuradores ou magistrados, mas com os de outros pesquisadores doutores e, inclusive, profissionais de nível educacional inferior.
E faço essa comparação, Sr. Presidente, apenas para mostrar o irrealismo da situação salarial dos docentes que atuam no âmbito federal no Brasil, sem me ater aqui à verdadeira indecência que são os salários dos professores na maior parte dos Estados e municípios do País. Aqui ao lado, no Município de Águas Lindas de Goiás, Entorno do Distrito Federal, um edital para concurso público de servidores municipais exibia, sem o menor pudor, a seguinte relação cargo/salário para uma jornada de 40 horas: mestre-de-obras, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$800,00; operador de máquinas, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$900,00; professor da educação básica, escolaridade mínima, curso superior de licenciatura plena ou normal superior, salário: R$760,00. Isso, Sr. Presidente, em um mesmo edital onde todos os demais cargos de nível superior, sem exceção, tinham salários de R$2.000,00. Um pedagogo, um nutricionista, um turismólogo em Águas Lindas de Goiás ganham da Prefeitura Municipal R$2.000,00 de salário para 40 horas de trabalho, mas um professor, com nível superior, para as mesmas 40 horas, ganha o ridículo de R$760,00, menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas. Inominável!
Muito se diz que em matéria educacional salário não é garantia de qualidade. De fato, se pensarmos em uma relação linear simplória entre salário e qualidade do trabalho, é evidente que a assertiva será verdadeira. Mas se pensarmos que o salário é atrativo de mão-de-obra, podemos ver por que as carreiras burocráticas de alto vencimento, cuja exigência para ingresso é apenas o ensino médio ou a graduação de nível superior, vêm atraindo cada vez mais profissionais de alta formação acadêmica – em inúmeros casos, pessoas com perfil profissional e vocação não burocrática -, enquanto as escolas e universidades têm que contar com o interesse sacerdotal de alguns poucos vocacionados para a ciência e o ensino. É evidente que o salário interfere na qualidade da educação! Quanto menos atrativa for a universidade ou a escola para os profissionais de alta formação acadêmica tanto menos eles ingressarão em seus quadros.
A iniciativa de expansão da rede de CETEFEs e de universidades, com interiorização de campi e escolas em cidades pólo, é, ao lado da experiência dos CIEPs, uma das mais meritórias já realizadas em nosso País em matéria educacional. Jamais tantas escolas técnicas e tantas novas salas de aula no ensino superior foram criadas a uma só vez no Brasil, sem que se concentrassem unicamente nas capitais e nas grandes cidades. Hoje, pela primeira vez, as cidades médias e, por conseguinte, as cidades pequenas em sua área de influência – vale dizer, quase 90% de nossas cidades – podem contar com educação técnica e superior pública e gratuita, coisa jamais vista. É preciso reconhecer o esforço que o Governo Federal vem fazendo no sentido de democratizar o ensino, aproximando-o de sua real demanda, que se espalha por todo o território nacional e não apenas pelas capitais federais.
Mas isso não significa olvidar ou admitir a situação salarial de nossos professores. É preciso lembrar aos Ministros da área econômica que não há nação desenvolvida, civilizada, soberana e sustentável sem investimento em educação, ciência e tecnologia. E esse investimento não pode ser apenas em expansão das vagas no ensino, mas também em pagamento de salários decentes aos professores. Só assim será possível evitar a fuga de talentos da área educacional-científica para a burocracia, o mercado ou mesmo outros países. Não é possível que os pesquisadores das universidades federais ganhem a metade do que ganha um pesquisador do IPEA, do INPI, do INMETRO ou do IBGE; tampouco que um professor da educação básica ganhe menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas.
É preciso trazer os salários dos docentes das universidades federais – que além de professores são também pesquisadores e extensionistas – ao mesmo nível dos salários pagos nos melhores e mais bem remunerados centros de pesquisa do País e elevar o salário dos professores graduados a, no mínimo, o nível salarial dos demais servidores públicos com igual formação educacional. É preciso ter vontade política, coragem e compromisso com a Nação. Chega de discriminar os professores e depois subir às tribunas dos Parlamentos para lhes prestar homenagens. Se queremos homenagear nossos professores, então o façamos de verdade, traduzindo nosso reconhecimento social em salários decentes.
Muito obrigado.

Agricultores de Manhumirim se mobilizam em prol da renegociação de dívidas

A mobilização iniciada pelo Sindicato dos Produtores Rurais, no mês de setembro, em torno da renegociação das dívidas dos agricultores junto aos bancos agora é regional. Na última segunda-feira, 15, uma reunião ocorreu em Manhumirim, no salão do Colégio Santa Terezinha, envolvendo cafeicultores e lideranças de vários municípios da nossa região para discutir o assunto.

Estiveram presentes presidentes de sindicatos de produtores rurais e agricultores de Manhumirim, Manhuaçu, Caputira, Simonésia, Alto Jequitibá, Carangola, Lajinha, Martins Soares, Caparaó, Reduto e Durandé.

Compuseram a mesa principal dos trabalhos o vice-presidente da FAEMG – Federação da Agricultura de Minas Gerais e integrante da comissão de cafeicultura da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, Breno Mesquita, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Manhumirim, Fernando Malostro, o Deputado Federal Dr. Mário Heringer e Mauro Heringer, do SPR de Manhumirim e da Associação de Cafés Especiais.
MANIFESTAÇÕES
O Deputado Federal Dr. Mário Heringer (PDT–MG), natural da cidade de Manhumirim, tem oferecido um grande apoio ao movimento. O parlamentar solicitou do superintendente do Banco do Brasil em Minas Gerais informações mais precisas sobre o volume da dívida e também protocolou o pedido de realização de uma audiência pública para debater o assunto na Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados, da qual faz parte.

Breno Mesquita, da região sul do Estado, participante ativo das rodadas de negociações das dívidas agrícolas junto às entidades do setor, contribuiu enormemente com a discussão. Além de ter esclarecido várias dúvidas do público ele informou sobre a realidade da dívida do setor agrícola e o esforço das entidades representativas em negociar os débitos, que só na cafeicultura ultrapassam 1,2 bilhões de reais.

Segundo Mesquita, nos últimos anos, o Governo está mais sensível e aberto às negociações. Mauro Heringer, um dos articuladores da mobilização, sugeriu que um grupo de cafeicultores, representando a nossa região, agende visitas com o Secretário de Agricultura de Minas Gerais, Gilman Vianna e com o Ministro da Agricultura, para levar as reivindicações da classe.

Mauro salientou que os cafeicultores que tiverem dúvidas quanto às suas dúvidas devem recorrer aos assessores jurídicos de seus sindicatos e que um advogado da FAEMG será disponibilizado para acompanhar o caso da nossa região. O público participou de forma ativa do debate. Muitos relataram a realidade dramática que estão vivenciando provocada pelas dívidas contraídas, emocionando e impactado os presentes.
O ALTO CUSTO
Na abertura da reunião, foi lido um documento elaborado pelos sindicatos envolvidos na manifestação citando as diversas linhas de crédito pelas quais os agricultores contraíram débitos, tais como: CPR Física, CPR Financeira, FUNCAFÉ, PRONAF, PROGER, MCR 62 e 64, CDC, PEAS e outras.

Na carta, as lideranças afirmaram que almejam o alongamento do prazo para pagamento das dívidas por trinta anos e a renegociação e o restabelecimento do crédito do produtor com dívidas vencidas, inclusive, as executadas, com juros de 3% e dois anos de carência.

Eles acreditam que a crise da cafeicultura, iniciada em 1996, ocorre por conta do baixo preço do café, especialmente nos anos de boa safra, elevação dos custos da produção, fatores climáticos e valorização da nossa moeda em relação ao dólar. No quadro, abaixo, os sindicatos mostraram a elevação dos custos da produção comparado ao pequeno aumento do valor da saca de café. (Texto e fotos – Senisi Rocha)






1996

2002

2007

Aumento

Saca Café

R$ 90,00 a 130,00

R$ 70,00 a 120,00

R$ 200,00 a 230,00

120%

Gasolina

R$ 0,64

R$ 1,90

R$ 2,69

321%

Diesel

R$ 0,37

R$ 1,14

R$ 1,89

400%

Adubo

R$ 14,00

R$ 33,75

R$ 42,50

300%

Balaio do café

R$ 2,00

R$ 2,50

R$ 6,00 a 10,00

400%

Salário mínimo

R$ 112,00

R$ 200,00

R$ 380,00

370%

Quadro demonstrativo do aumento considerável do custo da produção comparado à pequena alta do preço do café, nos últimos dez anos.

Ministério da Cultura envia informações sobre captação de recursos em shows


O Ministério da Cultura respondeu ao requerimento de informações do deputado Mário Heringer, sobre os indícios de fraudes em pedidos de captação de verba para shows artísticos, por meio da Lei Rouanet, principalmente nos casos noticiados pelo jornal Folha de São Paulo, em agosto deste ano, relativos às cantoras Ivete Sangalo e Vanessa Camargo, e ao Cirque du Soleil.

De posse de parte da cópia do processo, o deputado vai analisar todas as informações repassadas. Para Mário Heringer, “a preocupação com a verba pública deve ser de todos nós, principalmente na área cultural, pois os indícios de fraudes da Lei Rouanet são muitos. Vou analisar todos os dados e se for preciso pedir mais informações, pedirei. Não podemos coadunar com a impunidade e corrupção.”

18 de outubro – Dia do Médico: Parabéns a todos os profissionais da saúde

“É com imensa alegria que cumprimento e parabenizo todos os médicos do Brasil pela passagem do nosso dia,  dia dos médicos. Sei que muita coisa ainda precisa ser feita pela nossa classe, mas como médico, deputado federal e membro da Frente Parlamentar da Saúde, tenho trabalhado incansavelmente para que as nossas reivindicações sejam acolhidas.” Read More

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cada Legislatura, a cada ano, diria mesmo a cada mês, a reforma política entra na pauta das discussões desta Casa. A democracia brasileira se estabelece e se apóia na harmonia e no funcionamento dos 3 Poderes da República.
Nós, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores disputamos, corpo a corpo, junto ao eleitor, cada voto, em cada rua, em cada cidade, em cada Estado desta Federação, dentro do atual sistema, com o objetivo de, sendo escolhido, representá-lo.
Ao longo dos mandatos, tenho defendido a reforma política como instrumento de consolidação do processo democrático, mas defendo que essa reforma seja filtrada pela lente da responsabilidade e da verdade e não se esvaia no ralo do oportunismo, do jogo de cena, da hipocrisia e da mentira.
Para início de conversa, teríamos, mesmo que só didaticamente, de dividir essa reforma política em 3 partes: a reforma política propriamente dita; a reforma partidária; e a reforma eleitoral.
O sistema eleitoral brasileiro não permite candidaturas independentes. O cidadão não tem a possibilidade de, em épocas de eleição, apresentar-se individualmente como candidato. Assim sendo, a fidelidade partidária deveria, para início de conversa, ser encarada como subserviente, em função da Lei Eleitoral, a uma estrutura partidária.
Existe falácia, talvez até mesmo um sofisma sobre isso. Fala-se muito que a legenda partidária entra com os votos que faltam para que o coeficiente partidário seja atingido. É verdade, mas digo que é falaciosa a idéia, pois são os votos dados individualmente ao Deputado. Prova disso é o fato de que nenhum partido disputa uma eleição sem que a nominata esteja com o seu número máximo de candidatos preenchidos.
Quantos partidos não lamentam, inclusive, a obrigatoriedade de incluir mulheres na legenda? Num país machista como o nosso, onde os homens detêm o poder político, as mulheres são um peso de 30% na capacidade de arregimentação de votos para a legenda.
Como está sendo discutida, a fidelidade partidária é apenas jogo de cena, espetáculo para a mídia, mas que engabela e enrola o seu processo de aprovação.
Essa falácia, como disse, deve ser desmascarada, para que possamos mesmo defender a verdadeira reforma política. A conta da sua não-aprovação recai sobre nós, mas é preciso ter compromissos com a verdade e dizer que, como está, a fidelidade partidária é a defesa dos privilégios partidários de grupos que se perpetuam no poder por tempo muito superior ao de um mandato de Deputado, por uma hedionda forma de assunção ao cargo. Se fizermos uma consulta aos filiados desses partidos, não saberão dizer, possivelmente, porque estão ali. Só se lembram deles quando o mais graduado do partido coloca um ônibus a sua disposição para que votem na Convenção, na qual vão ganhar pão com salame e refrigerante.
As Convenções partidárias são triste exemplo de voto de cabresto e mantêm privilégios antigos. Pois é nesta estrutura arcaica, coronelista, de fazer o comando partidário que reside um dos maiores problemas da fidelidade, conforme se está discutindo. As cúpulas partidárias não precisam de votos. Basta a elas a estrutura partidária a seu dispor, paga pelo Fundo Partidário, dinheiro público.
Disputamos o voto. A nós o eleitor confia o seu voto, e fazemos os votos totais do partido. O povo do Brasil vota no candidato. Reconheço que há voto exclusivo de legenda, mas é mais freqüente e mais comum os partidos procurarem os “puxadores de legenda” do que a legenda puxar voto para alguém.
Precisamos ser fiéis ao que dissemos na campanha e não nos submetermos a uma obediência cega. Vimos Deputados e Senadores serem expulsos recentemente de seu partido por não concordarem mais com as suas posições.
A fidelidade partidária, discutida como pré-requisito da qualidade de um Deputado Federal, significa tão-somente fazer do Deputado um instrumento de poder de um grupo de dirigentes partidários que pode muito bem, a seu tempo e prazer, mudar de opinião e apoiar coisas que jamais apoiaria. E, o que é pior, usar esse mecanismo para submeter, sob chantagem, as vontades discordantes. Pagaremos essa conta e ficaremos, por força de lei, num partido que traiu a própria causa?
Sras. e Srs. Deputados, precisamos desmontar algumas falácias sobre a reforma política, urgentemente. Não se pode admitir que, num país como o nosso, no qual é amplamente conhecido que a grande massa do povo vota no candidato, os partidos que hoje disputam a tapas os “puxadores de legenda” passem, no dia seguinte ao da eleição, a ser donos do trabalho por eles realizado, que, mais do que qualquer partido, levam esses mesmos partidos a obter reconhecimento popular e eleitoral em seu Estado.
Para completar, colocaria também em questão o fato de que as pessoas não podem ser candidatas de si mesmas e que estão obrigadas, por lei, a ingressar num partido a fim de disputar uma eleição. Isso já é deturpação da democracia. Não foi por motivo diverso que a ditadura que se abateu sobre o Brasil, na década de 60, lançou o embrião amargo das amarras dos Deputados às decisões da cúpula de um partido, ao vincular os votos nas eleições de 1982, o que, felizmente, foi logo derrubado pela vontade popular.
Devemos nos submeter a qualquer questão que envolva a ética e a moral na instância partidária, mas não devemos aceitar que submetam-nos, a mim e a V.Exas., a vontade de dirigentes de partido que muitas vezes não têm legitimidade popular para tal.
Pode-se discutir a reforma, mas, para ser completa e justa, é preciso separar os seus 3 segmentos: partidário, político e eleitoral.
Muito obrigado.

Redução de vereadores aumentou gastos


Dois deputados federais mineiros lideram lados opostos de uma polêmica que já dura três anos: o número de vereadores do país, que foi reduzido em 20% por meio de uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2004. De um lado, o deputado Mário Heringer (PDT), presidente da Frente Parlamentar dos Vereadores, ponta-de-lança de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende aumentar o número de vereadores.

De outro, o deputado Vitor Penido (DEM), presidente da Frente Parlamentar Municipalista, que deseja radicalizar o corte promovido pelo TSE. As duas propostas, contudo, convergem num ponto: não basta mudar o tamanho das câmaras municipais; é preciso mexer nos gastos.

Heringer e Penido concordam que a redução feita pelo TSE, gerou uma explosão dos gastos, já que não houve corte nos percentuais de repasse na maioria dos municípios. Ou seja, as cidades passaram a ter menos vereadores, mas recebem o mesmo repasse para as câmaras. Sobrou dinheiro, que nem sempre _ ou na minoria dos casos _ foi investido no município. Grande parte das vezes, a sobra foi aplicada na própria Câmara, em melhorias que foram de reformas a compras de carros.

Em abril de 2004, o TSE extinguiu 8.841 vagas de vereadores em todo o país. Antes da resolução, as câmaras de vereadores gastaram R$ 4,9 bilhões. Depois do corte do TSE, o gasto subiu para R$ 5,3 bilhões. «O principal problema está no repasse. A decisão do TSE tem sentido moralizante, mas foi equivocada», diz Penido. Em sua proposta, ele quer diminuir os tetos de repasses para as câmaras municipais, que hoje vão de 5% a 8% das receitas do município, para percentuais entre 1,50% e 4,50%.

Além de cortar repasses, Penido quer cortar vagas. Hoje, existem 51.700 vereadores no país. Ele quer chegar ao número de 50.713 para as próximas eleições. Além disso, pretende mudar o critério de distribuição das vagas, que hoje é populacional (vagas de acordo com os tamanhos das cidades) para critérios de arrecadação _ quanto maior a arrecadação, mais vereadores. O corte maior, claro, seria nas pequenas cidades, com menor arrecadação, especialmente aquelas que têm até 10 mil habitantes. Hoje, essas cidades reúnem 23.900 vereadores, com nove cadeiras por cidade. A proposta quer reduzir as vagas para sete.

Do outro lado, a proposta do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), defendida por Heringer, tenta «recompor e redistribuir» as vagas cortadas pelo TSE. No total, a PEC prevê que o país tenha 59.791 vereadores. Heringer nega que haja aumento. Sua comparação é sempre com o número de vagas antes da resolução do TSE – 60.276. Heringer critica idéias como a de sete vereadores, afirmando que uma Câmara tão pequena «não funcionaria para as atividades legislativas, como aprovação de projetos». A PEC estipula mínimo de nove vereadores.

Os limites de gastos, nessa proposta, vão de 4,5% a 7,5%. A economia giraria em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. Heringer desafia Penido a mostrar os estudos que permitiram a economia de R$ 5 bilhões por ano.

Karina Gomes Barbosa
Publicado em: Jornal Hoje em Dia, em outubro de 2007.

Mário Heringer discursa na Tribuna por Reforma Política justa

A fidelidade partidária e a reforma política foram temas do discurso do deputado Mário Heringer na Tribuna do Plenário.
Ele defende a Reforma como instrumento de consolidação do processo democrático, mas a separa em três pontos: reforma política propriamente dita, reforma partidária e reforma eleitoral.
Veja na íntegra o discurso do deputado. Discurso proferido em 08 de outubro de 2007, pelo Dep. MÁRIO HERINGER – PDT/MG:


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
A cada legislatura, a cada ano, diria mesmo a cada mês vemos a reforma política entrar em pauta das discussões políticas. A democracia brasileira se estabelece e se apóia na harmonia e no funcionamento dos três poderes da república. Nós, deputados federais, deputados estaduais e vereadores disputamos, corpo-a-corpo junto ao eleitor, cada voto em cada rua de cada cidade de cada estado desta federação.

Dentro do atual sistema com o objetivo de, sendo escolhido, representá-lo. Ao longo deste mandato tenho defendido a reforma política como instrumento de consolidação do processo democrático, mas defendo que esta reforma seja filtrada pela lente da responsabilidade e da verdade, e não se esvaia no ralo do oportunismo, do jogo de cena, da hipocrisia e da mentira.

Para início de conversa teríamos de separar, mesmo que só didaticamente, a “reforma política” em três reformas, que seriam a “reforma política propriamente dita”, a “reforma partidária” e a “reforma eleitoral”. O sistema eleitoral brasileiro não permite candidaturas independentes, o cidadão não tem a possibilidade de, em épocas de eleição, apresentar-se individualmente como candidato. Assim sendo, a questão de fidelidade partidária deveria, para início de conversa, ser colocada como “subserviência em função de Lei Eleitoral à uma estrutura partidária”.

Há uma falácia, talvez até mesmo um sofisma, armado sobre isto. Fala-se muito que a legenda partidária entra com os votos que faltam para se atingir o coeficiente partidário, verdade. Mas digo que falaciosa, pois estes votos são compostos pelos votos dados individualmente a cada deputado. Uma prova disto é que nenhum partido disputa uma eleição sem que a nominata esteja com seu número máximo de candidatos preenchidos.

Quantos partidos não lamentam, inclusive, a obrigatoriedade de incluir mulheres na legenda? Vemos muito isto no interior, e porquê? Porque num país ainda machista, os homens é que possuem o poder político, assim sendo, os partidos perdem votos por terem que “abdicar” de alguns homens em função da Lei que os obriga ter 30% de mulheres na chapa. Como está sendo discutida, a fidelidade partidária é apenas jogo de cena, espetáculo para a mídia, mas que engabela e enrola o seu processo de aprovação.

Esta falácia como disse, deve ser desmascarada para que possamos mesmo defender e aprovar UMA VERDADEIRA REFORMA POLÍTICA, a conta da sua não aprovação recai sobre nós, mas é preciso se ter compromissos com a verdade e se dizer que como está posta esta questão da fidelidade é uma defesa dos privilégios partidários que são controlados por grupos que se perpetuam no poder por tempo muito superior ao de um mandato de deputado, porque lá estão por uma hedionda forma de assunção ao cargo, uma vez que se fizermos um recadastramento perguntando a cada filiado se ele sabe da sua condição ele possivelmente dirá que não e que só se lembra disto quando um membro graduado do partido coloca ônibus a sua disposição para que ele vote na convenção para ganhar pão com salame e refrigerante. As convenções partidárias são um triste exemplo de voto de cabresto e mantém privilégios antigos.

Pois é nesta estrutura arcaica, coronelista de se fazer um comando partidário que reside um dos maiores problemas da fidelidade como se está discutindo. As cúpulas partidárias não precisam ter votos, basta a elas a estrutura partidária a seu dispor pagas pelo fundo partidário – dinheiro público. Nós disputamos o voto, o eleitor confia em nós, e nós, com a nominata a qual pertencíamos, fizemos os votos totais do partido.

O povo vota no candidato. Reconheço que há voto exclusivo da legenda, mas é muito maior a procura pelos famosos “puxadores de legenda” do que por uma “legenda puxadora de votos”. Precisamos ser fiéis ao que dissemos na campanha, não podemos estar submetidos a uma obediência cega, vimos deputados e senadora expulsos de seu partido porque apenas defendiam aquilo que o partido deles sempre defendera.

A fidelidade partidária, discutida como pré-requisito de qualidade de um deputado federal, é tão somente fazer do deputado um instrumento de poder de um grupo de dirigentes partidários, que pode muito bem, há seu tempo e prazer, mudar de opinião e apoiar coisas que jamais apoiaria, e pior, usar esse mecanismo para submeter sob chantagem, as vontades discordantes.

E aí? Somos nós que pagaremos esta conta e ficaremos por força da Lei, num partido que traiu sua própria causa? Senhores e Senhoras, precisamos desmontar algumas falácias da reforma política, urgentemente. Pois o que não se pode é admitir que num país como o nosso, onde é amplamente conhecido que a grande massa do povo brasileiro vota no candidato, os partidos que hoje disputam a tapas os “puxadores de legenda” passem, no dia seguinte ao da eleição, a serem donos do trabalho realizado por aquele “puxador de votos”, que, mais do que qualquer partido, o levou a ter reconhecimento popular e eleitoral em seu estado.

Para completar, colocaria também em questão o fato de que as pessoas não podem ser candidatas de si mesmas e estão obrigadas, por Lei, a ingressar em um partido a fim de disputar uma eleição. Isto já é uma deturpação da democracia. Não foi por motivo diverso que a ditadura que se abateu sobre o Brasil na década de 60 lançou o embrião amargo das amarras dos deputados as decisões da cúpula de um partido ao vincular os votos na eleição de 1982. Fato que, felizmente, foi logo derrubado pela vontade popular.

Devemos nos submeter a qualquer questão que envolva a ética e a moral na instância partidária, mas não devemos aceitar que submetam a mim e aos senhores, a vontade de dirigentes de partido, que muitas vezes, não tem legitimidade popular para tal.

Pode-se discutir Reforma, mas ela deverá, para ser completa e justa, discutir nos seus três segmentos, partidário, político e eleitoral.

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