Autor: Deputado Mário Heringer

Mário Heringer pede explicações sobre a falta de medicamentos na saúde

“O Ministério da Saúde deveria ter adotado medidas emergenciais para evitar o desabastecimento; existem muitas brasileiros que dependem desse remédio para sobreviver”.
– Mário Heringer

Deputado Mário Heringer participou, há pouco, de audiência pública com o ministro da Saúde, Humberto Costa, na Comissão de Seguridade Social e Família. Na condição de membro dessa Comissão, o parlamentar mineiro pediu explicações sobre a falta de medicamentos anti-retrovirais no Brasil, utilizados no tratamento da Aids.

O ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou, que não existe risco de faltar medicamentos anti-retrovirais na rede pública para os pacientes em tratamento da Aids e apresentou os números relacionados aos estoques desses medicamentos existentes hoje e afirmou que há uma programação de suprimento para pelo menos um ano.

Humberto Costa observou que houve falta pontual de medicamentos em alguns estados no início do ano, mas não um desabastecimento generalizado como foi anunciado. Ele explicou que os problemas de atraso na entrega pelos laboratórios oficiais foram gerados pelo descumprimento do prazo de entrega da matéria-prima adquirida na Índia, que ultrapassou em dois meses o prazo previsto para chegar no País.

O ministro da Saúde, Humberto Costa, anunciou que vai encaminhar ao Congresso Nacional um pedido de suplementação orçamentária no valor de R$ 394,76 milhões para atingir a meta de 180 mil tratamentos dos portadores da Aids no País.

Durante essa audiência pública, o ministro informou que a estimativa de gastos com medicamentos anti-retrovirais para 2005 é de R$ 600 milhões.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados,

Parece que há muito o açodamento e o improviso contraditório passaram a ser determinantes nas decisões adotadas pelo Poder Executivo. Várias das decisões tomadas, principalmente a edição de medidas provisórias, são caracterizadas por duvidosa eficácia, questionável constitucionalidade ou propósitos nada meritórios.

Não quero crer, Sras. e Srs. Deputados, que haja má-fé por parte do Poder Executivo. Prefiro, sim, acreditar na total desorganização dos órgãos responsáveis pela edição dessas medidas estapafúrdias que trazem enormes desgastes para a credibilidade do Governo.

Entre todas, a MP nº 232, que elevou de 32% para 40% a base de cálculo da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a CSLL, e do Imposto de Renda para amplo conjunto de empresas, em especial prestadoras de serviços, houve exacerbado casuísmo, porque se aproveitou a mesma medida provisória que atendia os anseios da população, ao corrigir as tabelas progressivas do Imposto de Renda da Pessoa Física para incluir diversas anomalias, como o aumento da carga tributária para os prestadores de serviços, disciplinando a retenção na fonte de tributos para produtores rurais, restringindo a competência do Conselho de Contribuintes e estabelecendo Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro para a variação cambial de investimentos no exterior.

Considero a edição dessa medida provisória, Sr. Presidente, um escárnio a este Poder. Há muito que o Poder Executivo tem exorbitado de sua competência para editar medidas provisórias, principalmente ao incluir matérias totalmente alheias no corpo de uma só. No caso da MP nº 232, houve o claro propósito de “dar com uma mão e tirar com a outra”, pois a mesma só deveria tratar da correção da tabela do Imposto de Renda. Mas, diante da perda de arrecadação gerada por essa correção, decidiu-se tirar um naco maior ainda dos prestadores de serviços, como se fosse possível onerar mais ainda esse setor produtivo.

Para se ter idéia da nocividade dessa medida provisória, Sras. e Srs. Deputados, segundo dados do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, a sua vigência já está permitindo à Receita Federal arrecadação extra de cerda de 3 bilhões de reais até o final de março, apenas com a aplicabilidade do seu art. 10. Segundo o Presidente do IBPT, esse artigo limita às Delegacias da Receita Federal de Julgamento a apreciação de causas tributárias, eliminando a possibilidade de recurso aos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Com isso, 90% das decisões são favoráveis ao Fisco porque são tomadas por quem tem interesse na arrecadação e não por um colegiado mais equilibrado. Joga-se por terra o sagrado princípio do contraditório, cláusula pétrea da Constituição Federal, pois, quem se sentir lesado, fica impedido de recorrer a outra instância.

O pior de tudo é que a mão pesada do Poder Executivo, com essas decisões precipitadas, tem sido sempre um “tiro no próprio pé”, porque leva sempre a enormes desgastes e a justificáveis pressões por parte dos segmentos envolvidos. No caso da MP nº 232, foram tantas as vozes dissonantes que o próprio Ministério da Fazenda já aceita rever boa parte de seu conteúdo.

Tudo isso seria desnecessário se o Poder Executivo deixasse de agir com poderes absolutistas e buscasse ouvir a sociedade antes de tomar suas decisões, sobretudo porque essa mesma sociedade não agüenta mais carregar o peso de um Estado perdulário, incompetente e pródigo em “fazer caridade com o chapéu alheio”; que, para atingir seus objetivos, busca sempre tirar do setor produtivo, já extremamente onerado por carga tributária européia e contrapartida africana.

Liberada verba de R$ 94 mil para saúde em Juiz de Fora


 

Em visita ao presidente da OP.Com, Omar Peres, o deputado federal Mário Heringer (PDT) destacou a emenda apresentada por ele ao orçamento que destina R$ 500 mil para a Faculdade de Odontologia da UFJF. Para a aprovação, ele ressaltou a necessidade de obter o apoio de outros deputados e da reitora da Universidade, Margarida Salomão, que é filiada ao PT. Mário Heringer comunicou ainda que, no último dia 7, foi finalmente liberado o recurso de R$ 94,4 mil para a compra de unidades móveis de saúde para Juiz de Fora, incluído no orçamento de 2004. O recurso é suficiente para comprar até três veículos.

O deputado estava acompanhado pelo diretor da Faculdade de Odontologia, Henrique Duque. Na visita, eles aproveitaram para parabenizar o presidente da OP.Com pelos 25 anos da TV Panorama. Quanto à emenda apresentada, o diretor da faculdade explicou que a verba será suficiente para substituir os 120 equipos da instituição, que são conjuntos de aparelhos de um consultório odontológico. Os atuais equipos, ainda em condições de uso, poderão ser doados para cidades da região.

É possível ainda que Juiz de Fora ganhe mais recursos, já que cada deputado pode sugerir até R$ 3,5 milhões em emendas. O deputado pedetista informou que pediu R$ 1 milhão para a área de saúde, R$ 600 mil para a agricultura e R$ 500 mil para o esporte, sem especificar a destinação. As emendas foram apresentadas em dezembro e a liberação normalmente tem início em abril. Por isso, de acordo com ele, é preciso fazer pressão para aprovar as propostas.

– A disposição política sobrepõe, em alguns momentos, o próprio interesse social – esclarece o deputado.

Publicado em: Jornal Panorama, de 19 de março de 2005.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados,

Comumente nos deparamos nas grandes metrópoles com pessoas dormindo em bancos de praças, em calçadas e marquises. Isso tornou-se tão corriqueiro que nem nos causa mais espécie. Aquilo que deveria nos incomodar e despertar em todos nós um misto de revolta e inconformismo, por permitir que seres humanos sejam relegados a condições tão abjetas, acaba se incorporando à paisagem, deixando-nos indiferentes.

O que considero mais grave, Sras. e Srs. Deputados, é que uma boa parcela dessas pessoas que passam a noite em condições tão precárias e humilhantes, não são mendigos, sem teto ou errantes, mas trabalhadores. Sim, são trabalhadores que não podem retornar para suas casas no final do expediente porque não têm dinheiro para pagar o transporte. Muitos só retornam aos seus lares nos finais de semana. E como meros espectadores somos indiferentes a esses dramas pessoais ao ponto de ignorarmos a sua existência, pois ninguém concebe que hajam trabalhadores dormindo ao relento porque lhes falta míseros trocados para sua passagem, mas que no final do mês representam muito para os seus já minguados orçamentos.

Essa situação execrável, Sr. Presidente, iniciou-se com o acelerado processo de êxodo rural desencadeado na década de 70, responsável pelo excessivo inchamento das grandes cidades e a conseqüente expulsão da população menos favorecida para as periferias. Agregado a isso há ainda uma política equivocada de transporte público, em que o Estado não assume as suas responsabilidades nem exerce devidamente a fiscalização pública.

Um dos maiores símbolos de nosso egoísmo é a predominância do transporte individualizado. O aumento considerável de automóveis está tornando o trânsito tão caótico em todos os quadrantes do planeta que muitas cidades da Europa, como Paris, Londres, Roma e Berlim, já estão adotando rígidas medidas visando inibir e até mesmo inviabilizar a utilização de automóveis, com aplicação de pesadas sanções para motoristas que não compartilham o uso de seus veículos. Enquanto isso aqui no Brasil adotamos o caminho inverso.

Acredito, Sras. e Srs. Deputados, que o transporte público deveria ser responsabilidade do Estado, como o são a saúde, a educação e a segurança pública, e toda a sociedade, independentemente de utilizá-lo ou não, deveria custeá-lo. Nos países desenvolvidos a sociedade transfere naturalmente recursos para o transporte público, visando sobretudo ao seu custo operacional, e reconhecendo-o como importante componente da cesta básica do trabalhador.

Somos movidos pelo natural egoísmo da raça humana, e agindo assim nos deixamos levar pela indiferença ao nos depararmos com esse grave problema. Como não utilizamos o transporte público, pouco nos importa se os trabalhadores são transportadores de forma pior que gados. Ledo engano, pois a falência do sistema e o conseqüente aumento da frota de automóveis traz prejuízos a todos, indistintamente. A partir daí deixa de ser um problema apenas de quem o utiliza e passa a ser de todos nós.
Era o que tinha a dizer.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados,

Dois assuntos têm alcançado ampla repercussão na pauta dos trabalhos desta Casa e nos debates realizados pelo mais diferentes setores da opinião pública nacional: a reforma política e a reforma tributária.

De fato, há um verdadeiro consenso quanto à necessidade de mudanças na área política, com medidas que consolidem os partidos políticos e ordenem melhor o próprio funcionamento do Poder Legislativo. Verifica-se urgência ainda maior por uma nova ordem tributária, mais justa para quem produz e mais equilibrada na distribuição dos recursos a Estados e Municípios.

Mas, Sr. Presidente, paralelamente a essas mudanças tão essenciais, a sociedade anseia que o Governo cumpra efetivamente o Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, sobretudo, executando os programas e ações que beneficiem comunidades do interior, carentes de recursos e sem condições financeiras próprias para atender suas necessidades básicas.

Lamentavelmente, o que vem acontecendo, na maioria dos casos, é o não-atendimento, pelo Poder Executivo, do que estabelece a lei orçamentária para a realização de obras, ações e projetos, mesmo os de pequeno porte, como a aquisição de uma ambulância visando melhorar os serviços de assistência em saúde, tão importantes para os nossos Municípios.

Para o Orçamento Geral da União de 2004, amplamente debatido no Congresso Nacional durante o segundo semestre de 2003, consignei recursos destinados a inúmeros Municípios de Minas Gerais, os quais passo a mencionar com os respectivos valores e projetos de interesse das comunidades.

Para Manhumirim, foram aprovados R$ 300.000,00 visando à construção de quadras de esportes, e outros R$ 180.000,00 para a aquisição de uma ambulância.

Para Governador Valadares, aprovou-se emenda de minha autoria, no valor de R$ 250.000,00, destinada à ampliação do Hospital Bom Samaritano, além de R$ 20.000,00 para atender a programas de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Aos Municípios de Carangola, Alto Caparaó, Quartel Geral e Faria Lemos, destinamos R$ 60.000,00, para o Projeto Estruturador de Eletrificação Rural.

O Congresso Nacional aprovou igualmente, Sr. Presidente, a destinação de valores entre R$ 110.000,00 e R$ 118.000,00 a cada um dos seguintes Municípios: Alto Caparaó, Caiana, Carangola, Durandé, Juiz de Fora, Alto Jequitibá, Barroso, Faria Lemos, Ipaba, Manhuaçu, Martins Soares, Muriaé, Reduto, Tombos e Taparuba, a fim de que eles pudessem também adquirir ambulâncias.

Pois bem, as referidas administrações municipais cumpriram suas obrigações para a devida habilitação aos recursos orçamentários: elaboraram os projetos, encaminharam a documentação, celebraram os convênios necessários com os Ministérios correspondentes. Os empenhos foram autorizados, já ao final do exercício de 2004, mas até o momento não houve a competente liberação do dinheiro.

Verifica-se uma grande frustração em todos aqueles Municípios mineiros, seja por parte do Poder Público local, que fica impossibilitado de prestar serviços importantes à população, seja no sentimento da própria comunidade, que se vê privada de um direito assegurado na lei do Orçamento da União.

Por isso, Sr. Presidente, reitero apelo ao Governo Federal para que determine, com a máxima urgência, o repasse dos recursos provenientes das emendas que apresentei ao Orçamento de 2004 e que foram devidamente aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República, em benefício de tantos e importantes Municípios de Minas Gerais.

Continuarei trabalhando, com muita firmeza, no sentido de viabilizar a liberação dessas verbas, assim como as das emendas relativas ao Orçamento de 2005, cujos dados irei detalhar em um próximo pronunciamento.
Muito obrigado.

Frente Parlamentar cobra aplicação de recursos da CPMF na Saúde

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“O importante da aplicação da CPMF na Saúde é que a contribuição tem um fluxo constante: todo dia entram recursos. Por isso não queremos que se desvincule o 0,20%.”
Mário Heringer
A Frente Parlamentar da Saúde reúne 240 deputados e 23 senadores. Na próxima reunião serão discutidas a regulamentação da Emenda Constitucional 29 e a Política Nacional de Medicamentos.

Os membros da Frente Parlamentar da Saúde, dentre eles o Deputado Mário Heringer, defendem a efetiva aplicação dos recursos da CPMF na área de Saúde e pedem que União, estados e municípios cumpram corretamente a lei da CPMF e a Emenda Constitucional 29, que fixam os recursos que devem ser destinados para a área.

A intenção dos deputados da Frente é evitar que o Poder Executivo desvie a verba da Saúde para outros setores, como saneamento e combate à fome. Do índice de 0,38% arrecadado pela contribuição, 0,20% destina-se à Saúde; 0,10% à Previdência Social; e 0,08% ao Fundo Nacional Contra a Pobreza.

De acordo com o Presidente da Frente, neste ano, mais de R$ 37 bilhões devem ser investidos no setor e a CPMF representa uma arrecadação de R$ 24 bilhões, aproximadamente. As demais fontes do orçamento da Saúde vêm da Contribuição sobre o Lucro Líquido e da Contribuição sobre o Finsocial (Cofins).

Mário Heringer e os deputados da Frente argumentam que esses recursos ainda são insuficientes, quando comparados aos de outros países em desenvolvimento. “Com todos esses valores aplicados corretamente, o País vai chegar em torno de 125 dólares (R$ 325) per capita por ano, menos do que Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Colômbia. Mas já é um avanço razoável”, compara.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:


Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados,

Gostaria de compartilhar com os nobres colegas minha apreensão com os destinos da Medicina em nosso País. Preocupa-me, especialmente, a intenção expressa pelo Governo Federal de alterar as atuais normas para validação de diplomas de Medicina emitidos no exterior. Conforme relata insistentemente a imprensa, essa alteração teria o objetivo direto e exclusivo de beneficiar os 40 primeiros brasileiros egressos do ensino superior cubano na área, os quais, vale dizer, foram selecionados por critérios partidário-ideológicos entre os quadros do MST, do PT e do PCdoB, e admitidos no sistema de ensino cubano por força da boa relação pessoal existente entre o Presidente Lula e o Presidente Fidel Castro.

A questão parece-me grave e urgente, não apenas porque pode – se verdadeiras as informações noticiadas – vir a abalar as estruturas morais, éticas e democráticas do Estado brasileiro e da política nacional e internacional, mas também, ou principalmente, porque pode abrir sério precedente para que se desestabilizem as bases de constituição do sistema meritocrático sobre o qual está assentada uma das mais antigas, tradicionais, sérias e importantes profissões do mundo: a Medicina.

Sr. Presidente, não consigo vislumbrar uma razão justa e racional para justificar tão equivocada opção. O que vejo, até o presente, não passa de uma manobra legal para manter intactas as boas relações diplomáticas Brasil-Cuba, cujas bases, todos sabem, sustentam-se prioritariamente na amizade entre nosso Presidente e o Presidente cubano. Ao menos foi o que declarou ao jornal O Estado de S.Paulo, em 29 de março de 2004, o Sr. Arsênio Becker, Chefe da Divisão de Assuntos Internacionais da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação, ao dizer que a questão possui “razões ideológicas e políticas”, pois “o Presidente Lula é amigo de Fidel”! Posso estar enganado, mas como pensar diferentemente se o próprio Governo não foi capaz de apresentar à sociedade uma explicação que permitisse interpretar a decisão como isenta, imparcial e baseada no interesse nacional?

Aliás, quanto mais procuro na intenção de validação automática de diplomas estrangeiros algum benefício para o povo brasileiro, mais me deparo com a apropriação patrimonialista dos recursos do Estado – aí incluído seu instrumental legal -, com o uso ideológico das relações internacionais e a aplicação oportunista do poder. Por isso, me pergunto: será possível o Governo Lula, com o histórico, o potencial e o perfil democrático e progressista que apresenta, autorizar-se a se portar exatamente como os governos autoritários, que tanto combateu? Pois bem, corrijam-me se estiver errado, mas não é típico dos governantes autoritários usar o instrumental legal do Estado para se auto-excluir da obrigação moral de subordinar seus próprios interesses ao interesse coletivo, conforme determina o ordenamento contratual do Estado de Direito?

O que vejo ao observar a questão são indícios de uma gestão autocrática da coisa pública. E isso, todos sabemos, não é absolutamente condizente com a história pessoal e política do Presidente Lula nem com as razões pelas quais o povo brasileiro o elegeu para presidir a Nação. Daí minha incredulidade diante de um esforço político cujo resultado prático não é outro senão o comprometimento da qualidade da Medicina praticada no território nacional.

Sr. Presidente, nobres colegas, desde 1996 os estudantes de Medicina formados em universidades estrangeiras submetem-se às regras de validação de diplomas determinadas pelo art. 48, § 2º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394. Essas regras, cujo objetivo central é a garantia de qualidade da Medicina exercida legalmente no País, determinam que a validação de diplomas é um processo não-automático, diretamente dependente de avaliação externa. As universidades públicas, responsabilizadas por validar os diplomas, têm por hábito estudar a coincidência curricular entre os cursos oferecidos no Brasil e o curso estrangeiro, de modo a evitar que médicos formados em outros contextos socioculturais, políticos, administrativos e epidemiológicos venham a exercer a Medicina no território nacional sem o adequado conhecimento das doenças existentes em nosso País – muitas delas já erradicadas em outras realidades -, das condições socioeconômicas subjacentes à disseminação de novas patologias, das políticas de saúde e do sistema de administração da saúde. Evidentemente, poucos são os cursos em que a coincidência curricular é suficiente para garantir uma validação automática de diplomas. Por isso mesmo, as universidades costumam submeter os estudantes a exames de proficiência, a fim de comprovar o mérito requerido para seu exercício profissional. Não raro, a validação dos diplomas é condicionada, ainda, à complementação curricular em universidades brasileiras. Tudo isso, Sr. Presidente, para permitir, sim, o exercício da Medicina aprendida em contexto estrangeiro, mas com absoluta garantia de qualidade.

Esse sistema, é evidente, onera em tempo e estudo os acadêmicos de Medicina graduados fora do Brasil, mas, por sua vez, tem o respeito das mais sérias instituições deste País, justamente por ser cauteloso e rigoroso em termos de qualidade. É exatamente esse sistema justo e equilibrado que o Governo pretende desmantelar para instituir um modelo de validação automática de diplomas que beneficiaria os estudantes formados em Cuba, sem submetê-los à prova de proficiência pela qual todos os outros estudantes têm obrigatoriamente de passar. Por mais que não queiramos, Sr. Presidente, somos obrigados a nos perguntar se os médicos formados em Cuba têm tão baixa qualidade técnica que não possam se submeter às mesmas regras de validação de diplomas de outros formados no exterior.

Desconheço os reais motivos do esforço demonstrado pelo Governo Federal para beneficiar os estudantes egressos do ensino superior cubano, mas, honestamente, não consigo ver nele qualquer benefício para a Medicina ou para o povo brasileiro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há mais de 20 anos prestei o juramento de Hipócrates e assumi a Medicina como profissão de vida e de fé, e não será agora, justamente quando tenho um mandato legislativo destinado à luta pela saúde, que me calarei diante de tão despropositada iniciativa. Faço este pronunciamento para alertar os nobres pares, a imprensa, as associações médicas, os estudantes e toda a sociedade brasileira sobre o risco que nossa Medicina está correndo. Peço a todos que se mantenham vigilantes e que não permitam, sob qualquer pretexto não comprovado, a validação automática de diplomas, sob pena de autorizar um verdadeiro crime contra a ciência e a prática médica neste País.

Confio na capacidade de discernimento do Presidente Lula, mas, infelizmente, diante de questão de tamanha gravidade, não posso me furtar a ser vigilante, cauteloso e responsável. Nesse sentido, informo que protocolei requerimento convocando o Sr. Ministro da Educação a prestar esclarecimentos sobre o assunto à Comissão de Seguridade Social e Família. Lembro que será preciso muita argumentação para convencer os integrantes da Comissão, homens e mulheres dedicados à luta pela saúde no Brasil, de que a proposta do Governo tem de fato alguma relação com o interesse nacional.
Muito obrigado.

Debate aponta soluções para conflitos de terra no Pará


 
O pacote de medidas lançado pelo governo federal em resposta à violência no sul do Pará não atende totalmente as demandas de deputados ligados a questões ambientais e direitos humanos. Pressionado com a repercussão do assassinato da irmã Dorothy Stang, o presidente Lula decidiu restringir a exploração da Floresta Amazônica e instalar um gabinete no Pará para dar suporte aos órgãos federais atuando na região dos conflitos. Parlamentares propuseram, entretanto, soluções estruturais para democratizar o acesso à terra e viabilizar medidas concretas de prevenção à violência.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Mário Heringer (PDT-MG), propõe a criação de um tribunal espe- cializado em litígios agrários. Heringer afirma que, se as questões forem dirimidas de pronto, as disputas não vão se radicalizar nem provocar mortes. O deputado mineiro lembra que a irmã Dorothy veio a Brasília denunciar as ameaças que estava sofrendo, mas não houve nenhuma reação do Estado. “O problema é que estamos acostumados a correr para apagar incêndio, em vez de evitá-lo”, disse. Heringer aposta que um tribunal para tratar exclusivamente de conflitos agrários, mais que solucionar os casos de violência, vai servir para evitá-los.

Terra sem lei
A deputada Luci Choinacki (PT-SC) afirmou que a punição dos assassinos da missionária Dorothy Stang é imprescindível, mas é preciso desarmar os pistoleiros, fazendeiros e grileiros, e também realizar a Reforma Agrária. Choinacki mostrou-se chocada com a existência de lista de pessoas marcadas para morrer. Ela cobrou que a Agência Brasileira de Inteligência descubra quem fez essa lista. Caso contrário, sustenta a parlamentar, “a matança vai continuar”. A região dos conflitos, na sua visão, está transformando-se numa “terra sem lei”. Para Luci Choinacki, a Reforma Agrária que vem sendo realizada no Governo Lula é “muito lenta”. Ela pensa que, além de distribuir terras, é necessário solucionar a questão da violência e a questão cultural. “Há os senhores que se acham donos da terra. Os trabalhadores são tratados como escravos.”

Choinacki denuncia que o sistema social vigente no campo é o escravista. “É preciso romper uma cultura de conservadorismo”, defendeu. A parlamentar afirma que a terra é um bem de acesso a todos os trabalhadores que “precisam tirar dela o seu sustento e tratá-la como um recurso da humanidade”. Luci Choinacki conclui que, se der atenção à questão social, o Governo Lula terá mais força para resolver os conflitos agrários no interior do País.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) declarou que é “urgente uma solução político-social para a região, que é muito complexa”. Para Gabeira, o assassinato da religiosa repercute muito mal para o País no exterior. “Dorothy dedicou a vida dela aos trabalhadores brasileiros e à floresta e agora é morta dessa forma violenta?”, indagou. O deputado lembrou que a missionária fez pedidos de proteção e, ainda assim, nada foi feito. Gabeira cobra investigação do crime e punição dos responsáveis, mas entende que apenas isso não basta.

Publicado em: Jornal da Câmara, de 22 de fevereiro de 2005.

Entrevista com o deputado Mario Heringer

Programa Palavra Aberta

Veja o aqui o vídeo do programa

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Resumo: A Câmara dos Deputados – especialmente a bancada petista – ainda se encontra sob o impacto da eleição do deputado Severino Cavalcanti, do PP de Pernambuco, para a presidência da Casa. Nesta edição do “Palavra Aberta”, vamos examinar a escolha do 99° presidente da Câmara, que quebrou a tradição do princípio de proporcionalidade entre os partidos pela primeira vez na história republicana. O nosso convidado, deputado Mario Heringer, do PDT de Minas Gerais, é o encarregado dessa análise sobre o processo eleitoral na Câmara.

Fonte: TV Câmara

Prefeitos de Durandé-MG e São José do Mantimento-MG



O Dep. Mário Heringer recebeu na tarde de 16/02 os prefeitos dos municípios mineiros de Durandé, o Sr. Hélio Paiva e de São José do Mantimento, o Sr. Hélio Márcio Gomes. Os Prefeitos vieram reiterar seu apoio e seu agradecimento ao Deputado Mário Heringer e solicitar ao parlamentar mineiro que destine recursos federais para seus municípios. “Nosso gabinete em Brasília está a disposição dos amigos de Durandé e São José do Mantimento e estaremos aqui atentos às causas que envolvem o bem estar e a justiça social do povo da nossa querida Minas Gerais”.

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