Presos protestam com cartazes © JB Online |
Parentes aguardam informações © JB Online |
Seis deputados das subcomissões de Segurança Pública e Direitos Humanos da Câmara dos Deputados visitaram hoje as instalações da Casa de Custódia de Benfica, onde 30 presos e um agente penitenciário morreram na rebelião que teve início no sábado, após uma tentativa de fuga em massa. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Mário Heringer (PDT-MG), disse que viu restos humanos dentro o prédio.
“Havia restos humanos e fios elétricos usados para assassinar os presos ainda no chão, quatro dias depois de terminado o motim”, afirmou o deputado. Ainda segundo o parlamentar, há muitos presos com marcas de ferimentos a tiro e com escoriações. Disse também que o presídio está muito destruído e que havia muita água ainda nos corredores e dentro das celas. Um dos presos entregou um pedaço de espelho ao deputado, que considerou o objeto uma arma em poder dos presos, apesar da vistoria já realizada pelo poder público estadual. Para Mário Heringer, a Casa de Custódia continua sendo um barril de pólvora, mesmo que os líderes do motim estejam separados dos outros presos.
Garotinho se recusa a receber deputados
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, recusou o convite para uma reunião como os membros das subcomissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Câmara. A decisão de Garotinho deixou os parlamentares revoltados. A deputada Laura Carneiro também criticou a atitude de Garotinho, e disse ser preciso despolitizar as ações de segurança no Estado.
Parlamentares estudam pedir intervenção
Os integrantes das comissões disseram que poderão sugerir a intervenção no sistema penitenciário fluminense com base no que viram na Casa de Custódia de Benfica. “É uma sugestão que vai ser feita ao Ministério Público, através do relatório que os parlamentares vão apresentar”, disse o deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ). Os parlamentares reuniram-se, no início da tarde, com o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira, para saber das medidas que estão sendo adotadas para melhorar a situação dos presos na casa de custódia. Segundo Biscaia, o secretário garantiu que, a partir de hoje, 44 presos que não fazem parte de qualquer facção criminosa serão transferidos para outros presídios. O mesmo procedimento será adotado em relação aos detentos que lideraram a rebelião.
Comissão quer afastamento de diretor
O ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, deputado Josias Quintal, também integrante das Comissão que visitou o presídio, disse que vai pedir ao secretário o afastamento do diretor da Casa de Custódia de Benfica. Segundo ele, um preso o teria informado que o diretor corre risco de vida. A deputada Denise Frossard (PSDB/RJ), relatora da Comissão de Segurança Pública, que participou da visita, condenou o fato do presídio ter sido construído num bairro residencial e a falta de transparência nas informações passadas à população e à imprensa pelas autoridades estaduais. “Nunca vi nada mais grave. As autoridades estão perdidas. Não há transparência. As pessoas estão sem informação”, afirmou. Frossard disse que o governo do Estado deveria ter formado um comitê para informar aos familiares sobre a situação dos presos amotinados. A Secretaria de Administração Penitenciária divulgou, até agora, somente o nome de 19 dos 30 mortos no motim que durou quase três dias. A nova recontagem dos presos na Casa de Custódia de Benfica e confirmou o número de 812 detentos na instituição. Antes da rebelião, havia 868 presos. Desses, 30 morreram durante o motim, 13 foram feridos e estão hospitalizados e outros 13 fugiram, sendo que quatro já foram recapturados e estão em outras unidades prisionais. Nove ainda estão foragidos.
Fonte: Redação Terra