Foi criado um ciclo vicioso, ou como muitos costumam chamar “uma bola de neve”, que quanto mais rola mais cresce, oprimindo as vítimas. As primeiras dívidas contraídas, há cerca de dez anos, pareciam ser a fórmula ideal para os agricultores incrementarem ou manterem o sistema de produção. O fato de não obterem o resultado esperado e deparemse com cenários de instabilidade, como valor baixo dos produtos e o alto custo da produção, resultou em mais financiamentos na expectativa de saldar débitos anteriores. O que aparentemente poderia ser uma alternativa para resolver o problema, ao longo dos anos, complicou ainda mais a situação e acarretou débitos impagáveis ao homem do campo.
Algumas linhas de financiamento receberam até prolongamento do prazo de pagamento, adiando o problema, pois um dia o outro o débito deveria ser pago.
MOBILIZAÇÃO
A tentativa de sair desse emaranhado financeiro tem sido a mobilização dos cafeicultores de Manhumirim. Preocupados com o agravamento da situação, eles promoveram, em oito dias, quatro reuniões para articular meios de organização da classe e de busca de soluções para o caos na agricultura.
No primeiro encontro, ocorrido no dia 15 de setembro, um pequeno grupo se reuniu com o Deputado Federal Dr. Mário Heringer (PDT/MG), natural da cidade, para expor o problema. O parlamentar ficou impressionado com o quadro apresentado e se propôs a unir forças ao movimento. Heringer afirmou que vai buscar sensibilizar diretores do Banco do Brasil, instituição que mais concede financiamentos agrícolas no país, para uma renegociação das dívidas. Ele acredita que a situação enfrentada em Manhumirim não é diferente de outros municípios da região e por isso propôs uma mobilização de abrangência regional, capaz de fortalecer a luta em defesa da cafeicultura de montanha, responsável pela maior geração de renda e empregos em nossas cidades.
“Os proprietários rurais não querem dar calote, eles precisam de meios para quitar os seus débitos e continuarem sua missão no campo”, é o que disse o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Manhumirim, João Fernando Malostro. Para ele, é preciso muita união e determinação da classe, que necessita de atenção especial por parte dos bancos para um desfecho positivo para a cafeicultura das matas de Minas.
Por Senisi Rocha