Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, assomo à tribuna para expor, com imensa preocupação, a situação humilhante a que se encontram submetidas as nossas universidades públicas, e para cobrar desta Casa a assunção de um compromisso inadiável e irreversível para com a recuperação e a reestruturação de uma universidade pública gratuita e de boa qualidade para todo o Brasil e todos os brasileiros, que possa ser, como qualquer sociedade espera daquelas instituições que guardam a inteligência nacional, a alavanca maior para impulsionar, em sólidas bases de justiça, racionalidade e equilíbrio social, nosso mais que esperado desenvolvimento.
Já é passada a hora de nós, Parlamentares eleitos pelo voto e pelas esperanças populares, assumirmos a tarefa de não deixar que nossas universidades sucumbam aos ditames de um neoliberalismo estrangeiro, distante das nossas necessidades e das nossas potencialidades, que só se comunica por meio da linguagem da exploração dos patrimônios das nações em desenvolvimento e da desestruturação de seus Estados nacionais, em favor de uma internacionalização que não existe senão em discurso e que, na prática, representa tão somente a nacionalização da miséria, da ignorância e da desigualdade social. É esse modelo quem está asfixiando lentamente nossas instituições, enquanto nós, crédulos idólatras de um futuro melhor, aguardamos, passivos, seus benefícios até o momento fictícios.
Até quando nos disporemos a esperar? Até que não sobrem as telhas sobre os telhados de nossas universidades? Até que nossos doutores tenham que lecionar em 3 turnos fazendo bicos de toda sorte para poder sobreviver? Até que percamos, em meio ao matagal da ignorância, da alienação e da incomunicabilidade, o caminho da autonomia e da soberania nacionais, esse que é, inegavelmente, o caminho da ciência e da tecnologia de ponta?
Não somos e não podemos ser escravos de um modelo econômico mundial que tanto tem aviltado algumas de nossas mais caras instituições. E podemos mostrar isso. Falo aqui, Sr. Presidente, nobres colegas, de trabalharmos conjuntamente em favor da liberação integral das verbas relativas à emenda ANDIFES, que até o momento encontram-se parcialmente bloqueadas no Ministério da Educação, contribuindo decisivamente para que vejamos nossas universidades expostas às mais vexatórias, contraproducentes e desmoralizantes situações, tais como a falta de dinheiro para pagamento das contas de água, luz e telefone, para mencionar apenas as menores perdas.
Ademais, Sr. Presidente, como representantes dos interesses do povo brasileiro, homens e mulheres empenhados na defesa de um projeto de nação autônoma e soberana, temos de assumir como um dever civil que nos cabe a todos, a aprovação da suplementação orçamentária referente ao Orçamento de 2003 para as universidades públicas, pois se trata de um recurso da ordem de 60 milhões de reais que, em face do lamaçal de endividamento criado pelo déficit orçamentário a que se encontram submetidas nossas instituições de ensino superior, é mais que impreterível, para assegurar-lhes uma mínima sobrevida.
Por fim, e já para concluir, Sr. Presidente, urge que esta Casa, unindo forças, unindo Situação e da Oposição, lute com todas as suas energias, nos anos que se seguem, para garantir uma universidade pública de excelência e renome mundiais, que retorne ao cidadão brasileiro de todas as classes, de todos os credos, de todas as origens étnicas e de todas as ideologias políticas os impostos pagos ao Estado e os esforços dedicados à Nação brasileira em favor de seu desenvolvimento e de seu sucesso.
Não podemos assistir calados, passivos e omissos, à agonia de nossas universidades. Precisamos lutar para construir um outro amanhã para esta que é o berço da ciência, da tecnologia, da sensibilidade e da criação nacionais. Esse é um dever de todos nós, em todos os tempos.
Obrigado.