Category: Discursos 2007

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no Brasil, a mais nova atividade da juventude é a rave, festa em que crianças e adolescentes viram a noite. E não estamos atentos ao que está acontecendo. Há mais ou menos 15 dias, no Rio de Janeiro, 18 jovens foram internados com overdose, depois de participarem de evento dessa natureza.
Estimula-se no Brasil o consumo de álcool. Sinto-me à vontade para falar sobre o assunto porque não sou abstêmio, pois tomo minha cervejinha de vez em quando. Mas percebo que agora as meninas estão sendo estimuladas a beber Ice, uma bebida docinha.
Tenho certeza de que o consumo de álcool é a porta de entrada para outros vícios. Hoje, crianças e adolescentes saem das boates alcoolizados e agem de forma irresponsável no trânsito. Quanto mais deixarmos a situação correr, mais assistiremos a irresponsabilidades como a que acabei de referir.
Estou colhendo assinaturas, pois precisamos impedir a ocorrência de novos fatos. Espero promover rapidamente um debate na Casa, a fim de encontrarmos uma solução para o problema enfrentado pela juventude.
Nós e o Ministro Temporão temos de rever se é responsável permitir a divulgação na televisão dessas propagandas glamourosas. Não tenho nada contra a Juliana Paes, contra o Zeca Pagodinho. Vejam: não estou iniciando briga ou discussão com os artistas que fazem esse tipo de propaganda, mas enfatizando que elas não têm sido benéficas para a juventude. Portanto, precisamos rediscutir o assunto.
Nos espaços públicos têm de ser proibidos efetivamente a venda e o consumo de álcool. Recentemente, numa universidade de Santa Catarina, assistimos ao consumo indiscriminado de álcool e drogas. Precisamos rever essas posições e ser mais sérios, mais pais dos nossos filhos.
Sr. Presidente, esta a proposta que apresento e pela qual trabalho. Estou colhendo assinaturas com o intuito de acabar com as glamourosas propagandas de bebidas veiculadas na televisão, de não permitir mais que essas bebidas sejam usadas indiscriminadamente nos órgãos públicos, nas universidades e, o mais importante de tudo, de diminuir o número de acidentes e os custos sociais acarretados por esse problema, além, naturalmente, da grande perda de jovens, futuro do País.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a oportunidade, desta tribuna, de promovermos a recomposição proporcional da Câmara dos Vereadores.
Trabalhamos nesse projeto por 3 anos, de forma séria, buscando, defendendo a representatividade. Buscávamos o direito de o povo ter seu representante. Em nenhum momento trabalhamos sob a ótica da oportunidade e do oportunismo. E como tudo que fazemos tem esse sentido e essa intenção, quero dizer de público que os trabalhos estão tendo prosseguimento e melhorando.
Há hoje em andamento bom acordo no qual se consegue atingir melhor ainda o que deseja a sociedade: austeridade, controle dos gastos públicos.
O Deputado Pompeo de Mattos, autor original da PEC; o Deputado Vitor Penido, do DEM, e eu estamos elaborando uma proposta que contemple principalmente 2 grandes interesses do povo, do poder originário: um, redução dos custos; outro, manutenção e reforço da representatividade.
Não podemos entender nem criar o estigma de que o Legislativo Municipal seja menor ou pior que o Federal. Somos um Poder único, dividido federativamente, e damos aos membros do Legislativo Municipal o direito de legislar sobre suas Casas, sobre seus problemas. É claro que com isso estabelecemos um limite para que não haja excessos e nenhum constrangimento.
Conclamo esta Casa, os amigos Deputados a entenderem o que fazemos: estamos legislando, cumprindo a função que nos tem sido seguidamente afrontada. Esse é o nosso papel. Não estaremos, em 2008, sob o estigma e a necessidade de uma norma novamente baixada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Cumpriremos nosso papel na certeza do que o povo quer e precisa: representatividade e austeridade.
Estamos lutando contra porque a redução que nós propomos, inclusive com a proposta do Deputado Vitor Penido, que tem o acordo do Deputado Pompeo de Mattos, diminui drasticamente os repasses das Câmaras. Estas estarão, a partir de hoje, com um número definido, para que não ocorra, de maneira alguma, a malversação do dinheiro público.
Espero contar com o apoio dos senhores, porque não podemos abrir mão da prerrogativa constitucional de legislar, senão estaremos, mais uma vez, jogando a culpa em terceiros. Hoje dissemos que as medidas provisórias estão enchendo a paciência. Daqui a pouco o Judiciário estará legislando, porque nós não o fazemos.
Temos a oportunidade de recompor proporcionalmente as Câmaras de Vereadores e, mais do que isso, reduzir drasticamente os repasses. Isso fará com que o povo brasileiro se sinta representado numa Casa séria e que tenha limite de gastos.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dia 15 de outubro comemorou-se mais um dia do professor. Novamente, como em todos os anos, vindas desta tribuna e das tribunas dos Parlamentos estaduais, municipais e do Senado Federal, ecoaram vozes comemorativas e verdadeiramente gratas pela contribuição inestimável dada aos filhos deste País pelos homens e mulheres que abraçam a docência como profissão, por gosto e por vocação. Pelo trabalho, a dedicação, a ética e – por que não? – a utopia do conhecimento, do progresso e da cidadania que nossos professores buscam dia a dia fazer introjetar em cada estudante, em cada novo cidadão brasileiro, só podemos mesmo agradecer.
E é por isso que inicio minha fala com um agradecimento breve, porém sincero: obrigado, professores, por fazerem seus os nossos filhos, ensinando-lhes o abismo que separa virtude e vício, certo e errado, atraso e progresso, dando-lhes carinho e afeição, combinados a disciplina, respeito e humildade; aproximando-os por fim, com ética e seriedade, do incomensurável patrimônio intelectual que a humanidade tem produzido e acumulado desde a noite dos tempos para seu próprio benefício e para beneficio do planeta.
Por redundante que pareça, Sr. Presidente, é imprescindível afirmar e reafirmar, agora e sempre: sem professores não há civilização. Por isso, aproveito o pouco tempo que tenho para expressar minha gratidão de homem público, de pai e de estudante. Obrigado, professores, muito obrigado!
Mas não vim aqui, Sr. Presidente, apenas relembrar o que não deve ser esquecido por qualquer sociedade. Vim, igualmente, cobrar do Governo Federal, do Presidente Lula, do Ministro Paulo Bernardo e do Ministro Fernando Haddad, o envio urgente a esta Casa de uma proposta de reajuste salarial para os docentes federais do País – professores e pesquisadores das Universidades Federais, dos CETEFEs e das Escolas Técnicas Federais, dos Colégios de Aplicação e do Colégio Pedro II.
É inominável a situação salarial dos docentes federais brasileiros. Inominável, Sr. Presidente! Uma breve olhada no Boletim Estatístico de Pessoal, divulgado regularmente pelo Ministério do Planejamento, mostra quão inferior é o salário dos docentes relativamente aos demais servidores públicos federais. Os professores que atuam na educação básica têm vencimentos que variam de R$1.542,47 (para graduados em início de carreira) a R$3.814,55 (para doutores em final de carreira). Os que atuam no nível superior – os professores universitários, aqueles que respondem pela mais expressiva parcela da produção científica e tecnológica do País – pasmem, ganham entre R$1.650,27 e R$5.131,49 por mês.
Pois bem, Sr. Presidente, R$5.131, 49 é o que ganha um professor doutor titular em nossas universidades federais, para uma jornada de 40 horas de trabalho semanais dedicadas ao ensino, à pesquisa e à extensão. R$5.131,49! Isto, Sr. Presidente, é menos do que ganham todos os demais servidores federais atuantes na área de pesquisa com a mesma titulação e, em muitos casos, com titulação até inferior ao doutorado.
Ao final da carreira, se possuir doutorado, um especialista da FIOCRUZ tem vencimento de R$9.298,06; um técnico de planejamento e pesquisa do IPEA, R$11.325,09; um pesquisador-tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais do INEP, R$7.380,16; um especialista sênior em Propriedade Intelectual do INPI, R$11.392,07; um pesquisador em Propriedade Intelectual do INPI, R$10.361,88; um pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas do IBGE, R$8.552,00; um especialista em Metrologia e Qualidade Sênior do INMETRO, R$11.392,07; um pesquisador-tecnologista e analista executivo em Metrologia e Qualidade do INMETRO, R$10.361,88; e um professor titular, que fez um concurso público para ingressar na carreira regular e outro ao término da progressão funcional, R$5.131,49. Como eu havia dito: inominável!
Inominável e injustificável, Sr. Presidente. Porque, diferentemente dos mais de 2 milhões de professores atuantes na educação básica nos âmbitos estadual e municipal – para os quais esta Casa, enfim, decidiu-se a votar um piso salarial nacional – os docentes federais somam pouco mais de 115 mil trabalhadores, não havendo, portanto, a desculpa de que a categoria é numerosa demais para que sejam viáveis reajustes salariais relevantes. Se o Governo encontra recursos para viabilizar as carreiras de mais de 250 mil servidores de nível superior, todos com salário inicial superior ao pago aos docentes graduados, como se justifica que para a educação, para o professor, o pesquisador, o pensador não haja recursos? Como se justifica, Sr. Presidente, que o Estado brasileiro, no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários, pague um salário inicial de R$2. 268,66 a um auxiliar de serviços gerais e, nas escolas de educação básica federais, um professor ingresse na carreira ganhando R$1.542, 47 e se aposente, como doutor, com salário de R$3.814,55? Como podem os servidores de nível auxiliar da Imprensa Nacional ingressarem na carreira com vencimentos de R$3.335,87 e um professor universitário, graduado, ingressar com R$1.650,27 e egressar, doutor, se titular, com pouco mais de 5 mil reais? Como, Sr. Presidente, como?
E antes que alguns colegas me aparteiem, argumentando que a maior parte das carreiras do Executivo possui vencimentos subvalorizados e que a comparação pode dar a impressão de que todos os servidores públicos federais, com exceção dos professores, ganham muito bem, eu quero dizer que as comparações que faço são justamente para mostrar como, mesmo no âmbito do Executivo, onde sabidamente muitas carreiras são defasadas relativamente aos demais Poderes, os professores federais são injustificavelmente mal remunerados. Note, Sr. Presidente, que aqui não comparto os vencimentos dos professores com os de procuradores ou magistrados, mas com os de outros pesquisadores doutores e, inclusive, profissionais de nível educacional inferior.
E faço essa comparação, Sr. Presidente, apenas para mostrar o irrealismo da situação salarial dos docentes que atuam no âmbito federal no Brasil, sem me ater aqui à verdadeira indecência que são os salários dos professores na maior parte dos Estados e municípios do País. Aqui ao lado, no Município de Águas Lindas de Goiás, Entorno do Distrito Federal, um edital para concurso público de servidores municipais exibia, sem o menor pudor, a seguinte relação cargo/salário para uma jornada de 40 horas: mestre-de-obras, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$800,00; operador de máquinas, escolaridade mínima, ensino fundamental incompleto, salário: R$900,00; professor da educação básica, escolaridade mínima, curso superior de licenciatura plena ou normal superior, salário: R$760,00. Isso, Sr. Presidente, em um mesmo edital onde todos os demais cargos de nível superior, sem exceção, tinham salários de R$2.000,00. Um pedagogo, um nutricionista, um turismólogo em Águas Lindas de Goiás ganham da Prefeitura Municipal R$2.000,00 de salário para 40 horas de trabalho, mas um professor, com nível superior, para as mesmas 40 horas, ganha o ridículo de R$760,00, menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas. Inominável!
Muito se diz que em matéria educacional salário não é garantia de qualidade. De fato, se pensarmos em uma relação linear simplória entre salário e qualidade do trabalho, é evidente que a assertiva será verdadeira. Mas se pensarmos que o salário é atrativo de mão-de-obra, podemos ver por que as carreiras burocráticas de alto vencimento, cuja exigência para ingresso é apenas o ensino médio ou a graduação de nível superior, vêm atraindo cada vez mais profissionais de alta formação acadêmica – em inúmeros casos, pessoas com perfil profissional e vocação não burocrática -, enquanto as escolas e universidades têm que contar com o interesse sacerdotal de alguns poucos vocacionados para a ciência e o ensino. É evidente que o salário interfere na qualidade da educação! Quanto menos atrativa for a universidade ou a escola para os profissionais de alta formação acadêmica tanto menos eles ingressarão em seus quadros.
A iniciativa de expansão da rede de CETEFEs e de universidades, com interiorização de campi e escolas em cidades pólo, é, ao lado da experiência dos CIEPs, uma das mais meritórias já realizadas em nosso País em matéria educacional. Jamais tantas escolas técnicas e tantas novas salas de aula no ensino superior foram criadas a uma só vez no Brasil, sem que se concentrassem unicamente nas capitais e nas grandes cidades. Hoje, pela primeira vez, as cidades médias e, por conseguinte, as cidades pequenas em sua área de influência – vale dizer, quase 90% de nossas cidades – podem contar com educação técnica e superior pública e gratuita, coisa jamais vista. É preciso reconhecer o esforço que o Governo Federal vem fazendo no sentido de democratizar o ensino, aproximando-o de sua real demanda, que se espalha por todo o território nacional e não apenas pelas capitais federais.
Mas isso não significa olvidar ou admitir a situação salarial de nossos professores. É preciso lembrar aos Ministros da área econômica que não há nação desenvolvida, civilizada, soberana e sustentável sem investimento em educação, ciência e tecnologia. E esse investimento não pode ser apenas em expansão das vagas no ensino, mas também em pagamento de salários decentes aos professores. Só assim será possível evitar a fuga de talentos da área educacional-científica para a burocracia, o mercado ou mesmo outros países. Não é possível que os pesquisadores das universidades federais ganhem a metade do que ganha um pesquisador do IPEA, do INPI, do INMETRO ou do IBGE; tampouco que um professor da educação básica ganhe menos que um mestre-de-obras ou um operador de máquinas.
É preciso trazer os salários dos docentes das universidades federais – que além de professores são também pesquisadores e extensionistas – ao mesmo nível dos salários pagos nos melhores e mais bem remunerados centros de pesquisa do País e elevar o salário dos professores graduados a, no mínimo, o nível salarial dos demais servidores públicos com igual formação educacional. É preciso ter vontade política, coragem e compromisso com a Nação. Chega de discriminar os professores e depois subir às tribunas dos Parlamentos para lhes prestar homenagens. Se queremos homenagear nossos professores, então o façamos de verdade, traduzindo nosso reconhecimento social em salários decentes.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cada Legislatura, a cada ano, diria mesmo a cada mês, a reforma política entra na pauta das discussões desta Casa. A democracia brasileira se estabelece e se apóia na harmonia e no funcionamento dos 3 Poderes da República.
Nós, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores disputamos, corpo a corpo, junto ao eleitor, cada voto, em cada rua, em cada cidade, em cada Estado desta Federação, dentro do atual sistema, com o objetivo de, sendo escolhido, representá-lo.
Ao longo dos mandatos, tenho defendido a reforma política como instrumento de consolidação do processo democrático, mas defendo que essa reforma seja filtrada pela lente da responsabilidade e da verdade e não se esvaia no ralo do oportunismo, do jogo de cena, da hipocrisia e da mentira.
Para início de conversa, teríamos, mesmo que só didaticamente, de dividir essa reforma política em 3 partes: a reforma política propriamente dita; a reforma partidária; e a reforma eleitoral.
O sistema eleitoral brasileiro não permite candidaturas independentes. O cidadão não tem a possibilidade de, em épocas de eleição, apresentar-se individualmente como candidato. Assim sendo, a fidelidade partidária deveria, para início de conversa, ser encarada como subserviente, em função da Lei Eleitoral, a uma estrutura partidária.
Existe falácia, talvez até mesmo um sofisma sobre isso. Fala-se muito que a legenda partidária entra com os votos que faltam para que o coeficiente partidário seja atingido. É verdade, mas digo que é falaciosa a idéia, pois são os votos dados individualmente ao Deputado. Prova disso é o fato de que nenhum partido disputa uma eleição sem que a nominata esteja com o seu número máximo de candidatos preenchidos.
Quantos partidos não lamentam, inclusive, a obrigatoriedade de incluir mulheres na legenda? Num país machista como o nosso, onde os homens detêm o poder político, as mulheres são um peso de 30% na capacidade de arregimentação de votos para a legenda.
Como está sendo discutida, a fidelidade partidária é apenas jogo de cena, espetáculo para a mídia, mas que engabela e enrola o seu processo de aprovação.
Essa falácia, como disse, deve ser desmascarada, para que possamos mesmo defender a verdadeira reforma política. A conta da sua não-aprovação recai sobre nós, mas é preciso ter compromissos com a verdade e dizer que, como está, a fidelidade partidária é a defesa dos privilégios partidários de grupos que se perpetuam no poder por tempo muito superior ao de um mandato de Deputado, por uma hedionda forma de assunção ao cargo. Se fizermos uma consulta aos filiados desses partidos, não saberão dizer, possivelmente, porque estão ali. Só se lembram deles quando o mais graduado do partido coloca um ônibus a sua disposição para que votem na Convenção, na qual vão ganhar pão com salame e refrigerante.
As Convenções partidárias são triste exemplo de voto de cabresto e mantêm privilégios antigos. Pois é nesta estrutura arcaica, coronelista, de fazer o comando partidário que reside um dos maiores problemas da fidelidade, conforme se está discutindo. As cúpulas partidárias não precisam de votos. Basta a elas a estrutura partidária a seu dispor, paga pelo Fundo Partidário, dinheiro público.
Disputamos o voto. A nós o eleitor confia o seu voto, e fazemos os votos totais do partido. O povo do Brasil vota no candidato. Reconheço que há voto exclusivo de legenda, mas é mais freqüente e mais comum os partidos procurarem os “puxadores de legenda” do que a legenda puxar voto para alguém.
Precisamos ser fiéis ao que dissemos na campanha e não nos submetermos a uma obediência cega. Vimos Deputados e Senadores serem expulsos recentemente de seu partido por não concordarem mais com as suas posições.
A fidelidade partidária, discutida como pré-requisito da qualidade de um Deputado Federal, significa tão-somente fazer do Deputado um instrumento de poder de um grupo de dirigentes partidários que pode muito bem, a seu tempo e prazer, mudar de opinião e apoiar coisas que jamais apoiaria. E, o que é pior, usar esse mecanismo para submeter, sob chantagem, as vontades discordantes. Pagaremos essa conta e ficaremos, por força de lei, num partido que traiu a própria causa?
Sras. e Srs. Deputados, precisamos desmontar algumas falácias sobre a reforma política, urgentemente. Não se pode admitir que, num país como o nosso, no qual é amplamente conhecido que a grande massa do povo vota no candidato, os partidos que hoje disputam a tapas os “puxadores de legenda” passem, no dia seguinte ao da eleição, a ser donos do trabalho por eles realizado, que, mais do que qualquer partido, levam esses mesmos partidos a obter reconhecimento popular e eleitoral em seu Estado.
Para completar, colocaria também em questão o fato de que as pessoas não podem ser candidatas de si mesmas e que estão obrigadas, por lei, a ingressar num partido a fim de disputar uma eleição. Isso já é deturpação da democracia. Não foi por motivo diverso que a ditadura que se abateu sobre o Brasil, na década de 60, lançou o embrião amargo das amarras dos Deputados às decisões da cúpula de um partido, ao vincular os votos nas eleições de 1982, o que, felizmente, foi logo derrubado pela vontade popular.
Devemos nos submeter a qualquer questão que envolva a ética e a moral na instância partidária, mas não devemos aceitar que submetam-nos, a mim e a V.Exas., a vontade de dirigentes de partido que muitas vezes não têm legitimidade popular para tal.
Pode-se discutir a reforma, mas, para ser completa e justa, é preciso separar os seus 3 segmentos: partidário, político e eleitoral.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento, gostaria de ser ouvido por algum dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Se possível, por todos. Tecerei algumas considerações sobre o que acontecerá hoje naquele tribunal.
Sou defensor da disciplina e da hierarquia no Exército para quem escolheu aquela profissão. O Exército precisa de disciplina e hierarquia. No entanto, querem trazer para a política esse tipo de comportamento. A política, senhores, é liberdade, insubmissão, imponderabilidade, imprevisibilidade, livre-arbítrio.
Querem amordaçar a política. Os políticos, com os partidos que temos, não podem, de maneira alguma, ficar sob o comando de cúpulas partidárias que não tratam democraticamente e internamente de suas questões.
Srs. Ministros, no Brasil existe a instituição da comissão provisória. Uma comissão estadual pode sofrer intervenção de uma comissão federal. Assistimos a isso todos os dias, em todos os partidos. O que se quer? Acabar com o direito do político de dizer “não”? Querem concentrar dinheiro e submissão? Fundos partidários e subserviência? Fidelidade não pode ser confundida com subserviência. Para haver fidelidade, é preciso haver mão dupla. Todos devem ser tratados com dignidade.
Não podemos entender que uma pessoa troque de partido apenas porque foi cooptada, porque levou alguma vantagem. Existem mudanças de posição tanto dos Deputados quanto dos partidos. Os partidos, às vezes, não praticam o que pregaram na eleição. Estou muito à vontade para falar isso,
Sr. Presidente, Srs. Deputados, porque sou Deputado em segundo mandato por um único partido. Nunca troquei de partido. Então, não estou advogando em causa própria.
Precisamos reconhecer que são os jovens que trocam de partido, apesar de os problemas serem os mesmos. O que temos observado no DEM é isso. Como disse o Deputado Lincoln Portela, todos os jovens do DEM adotam práticas um pouco mais antigas do que as dos seus próprios pais.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ensino aos meus filhos alguns princípios básicos, ou seja, a serem honestos, humildes, atenciosos e disciplinados. Agora, porque ingressei na política, estou tendo de ensiná-los a serem desconfiados. É necessário desconfiar, porque ninguém sabe o que estão fazendo no Brasil hoje.
A quem interessa calar o Legislativo? Será possível estarmos todos misturados no mesmo saco, no mesmo balaio?
Sr. Ministro Marco Aurélio de Mello, que tão bem formula as suas teses, tenho certeza absoluta de que V.Exa. não vai querer amarrar o direito do Deputado, do político, de insurgir-se, de brigar, de enfrentar posições que seu partido prega nas eleições. Quando chega a esta Casa, o político submete-se a outras posições.
O instituto do fechamento de questão é uma ditadura da cúpula partidária que tem de ser revisto.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero agradecer ao nobre Deputado Ademir Camilo, o homem da ZPE de Teófilo Otoni, a prioridade para eu falar neste Pequeno Expediente.
Eu cheguei de Governador Valadares, hoje, onde participei, ontem, da homenagem ao Dia do Vereador, momento em que pude sentir a angústia de Vereadores e de toda a sociedade da região diante da indefinição do real número de Vereadores com que as Câmaras Municipais poderão contar no próximo mandato.
O Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida em 2004, determinou que esse número seria menor que o do pleito anterior. Foi uma resolução para aquela eleição, e não uma deliberação para marcar e ser definitiva. Além do mais, ela se deu sob o argumento de que se faria economia para os cofres públicos. Na verdade, o que aconteceu foi sobra de dinheiro, que não resolveu o problema como todos esperávamos, ou seja, o problema da representatividade proporcional, e ficaram as Câmaras Municipais com mais dinheiro, porém mais propensas a equívocos.
Tive, ontem, a oportunidade de conversar, sentir e verificar como trabalha um Vereador. Em uma cidade de quase 200 mil habitantes, com 14 Vereadores, é quase impossível e desumano conseguir fazer um trabalho decente, bem-feito. Sabem por quê, senhores? Porque o Vereador, hoje, não é só legislador, fiscalizador do Executivo. Vereador no Brasil tem outras funções muito importantes. Ele é, na verdade, assistente social, porque falta essa atividade na periferia das grandes cidades. E as pessoas menos favorecidas só se podem valer dos Vereadores, profissionais da política séria.
Percebemos, em alguns momentos, o estigma, o preconceito contra eles de pessoas que, por estarem em posição aparentemente superior do ponto de vista federativo, os tratam como se fossem seres ou legisladores inferiores.
Além de assistentes sociais, os Vereadores são também repórteres, homens que ouvem diretamente as pessoas na periferia das grandes cidades. São eles que levam os pleitos, as dificuldades, as angústias dos mais necessitados aonde efetivamente emana o poder, que é do povo.
E essas pessoas estão ali, no seu dia-a-dia, na sua angústia pré-eleitoral, esperando um momento de decisão, de definição.
Por isso, pedimos hoje ao Presidente desta Casa que coloque em votação a PEC nº 333, que foi discutida e trabalhada intensamente na Comissão Especial. O Plenário tem que decidir e tomar os caminhos necessários, para não haver necessidade de fazê-lo em junho do ano que vem, quando o
Tribunal novamente criar nova norma, porque a de 2004 já caducou. Outra terá que vir. E nós seremos responsabilizados por não termos feito, mais uma vez, o nosso trabalho.
Mais uma vez, Deputado Ademir Camilo, muito obrigado por me ceder este momento.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado pela oportunidade.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em uma série de reportagens publicada sob a manchete “ONGs fazem a farra com escolas-fantasma”, o jornal Correio Braziliense de 26 de agosto de 2007 denunciou indícios de fraudes no Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação.
As denúncias são graves e precisam ser apuradas o quanto antes. Em linhas gerais, ao que afirma o jornal Correio Braziliense, trata-se de organizações não governamentais que, cadastradas junto ao MEC como alfabetizadoras, recebem recursos do Programa Brasil Alfabetizado e, quer por falta de atualização cadastral, quer por pura má-fé, apresentam endereços falsos, turmas inexistentes e alfabetizadores que sequer ministraram aulas.
Chama a atenção nas situações denunciadas pelo Correio, o volume de recursos públicos destinado às ONGs sem a devida comprovação do uso que lhe foi dado. Trata-se de algumas dezenas de milhões de reais.
Chocado pela situação denunciada, apresentei requerimento de informação ao Ministério da Educação, solicitando explicações detalhadas sobre a situação das ONGs no Brasil Alfabetizado, com discriminação inclusive das avaliações obtidas pelo programa junto ao TCU.
O programa, criado em 2003 por meio do Decreto nº 4.834, com a finalidade de erradicar o analfabetismo no País, foi reorganizado este ano de 2007, por meio do Decreto nº 6.093, e passou a ter por objetivo a universalização da alfabetização de jovens e adultos de 15 anos ou mais.
Reduzido o espectro de suas pretensões – não mais extirpar a histórica e danosa herança bárbara do analfabetismo que nos lança, como Nação, às entranhas do subdesenvolvimento, mas tão somente universalizar a alfabetização para uma faixa etária específica -, o programa passou a ter uma prioridade originalmente não definida: os Estados e Municípios com os maiores índices de analfabetismo, e não mais o País como um todo.
Além disso, deixou de ter sua implementação feita em regime de colaboração da União com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e organismos da sociedade civil. Ao invés do regime geral de colaboração, a União ficou autorizada a, em caráter complementar, para as ações de alfabetização, apoiar entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, incluídas as instituições de educação superior.
Enquanto o Decreto nº 4.834/2003, que criou o programa, não se detém em caracterizar os alfabetizadores, deixando a tarefa a critério do próprio Ministério da Educação, o Decreto nº 6.093/2007, que o reformula, é claro: “As atividades de alfabetização de turmas apoiadas pela União serão realizadas, preferencialmente, por professores das redes públicas de ensino dos Estados, Distrito Federal e Municípios”.
Ao que tudo indica, Sr. Presidente, algum problema ocorreu com as organizações da sociedade civil, particularmente as ONGs, e forçou o Governo a reformular o programa, de modo a limitar a participação dessas organizações e, principalmente, deixar preferencialmente a critério de professores da rede pública de ensino – e não mais a alfabetizadores escolhidos pelas próprias ONGs – a tarefa de alfabetizar jovens e adultos no Brasil. É, no mínimo, curioso que a página do MEC na Internet, que até o dia 29 de agosto deste ano, quarta-feira passada, exibia livremente os dados das ONGs conveniadas com o Brasil Alfabetizado, permitindo que fossem feitas consultas como a que argumenta ter feito a reportagem do jornal Correio Braziliense, tenha retirado esses dados do ar e hoje não traga qualquer detalhamento das instituições que até 2006 estiveram à frente do programa. Esse obscurantismo, Sr. Presidente, só nos deixa mais desconfiados e preocupados.
É fundamental que o Sr. Ministro da Educação, Fernando Haddad, se posicione o quanto antes sobre as denúncias veiculadas pelo jornal Correio Braziliense e forneça uma explicação inequívoca sobre o uso dos recursos públicos no principal programa de alfabetização de jovens e adultos do Governo.
Só assim poderão se dissipar as dúvidas que hoje pairam sobre todos que se preocupam com a situação da educação no Brasil. Nosso País, que almeja alçar-se à condição de Nação desenvolvida, ainda estampa o vergonhoso cômputo de mais de 16 milhões de analfabetos em seu território, tendo em seu principal programa de alfabetização, o Brasil Alfabetizado, pouco mais de 1,6 milhões de alunos (10% dos analfabetos do País), apesar de um orçamento de 315 milhões de reais para o ano de 2007.
Precisamos de explicações urgentes, Sr. Presidente. O Brasil não pode mais esperar!
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em uma série de reportagens publicada sob a manchete “ONGs fazem a farra com escolas-fantasma”, o jornal Correio Braziliense de 26 de agosto de 2007 denunciou indícios de fraudes no Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação.
As denúncias são graves e precisam ser apuradas o quanto antes. Em linhas gerais, ao que afirma o jornal Correio Braziliense, trata-se de organizações não governamentais que, cadastradas junto ao MEC como alfabetizadoras, recebem recursos do Programa Brasil Alfabetizado e, quer por falta de atualização cadastral, quer por pura má-fé, apresentam endereços falsos, turmas inexistentes e alfabetizadores que sequer ministraram aulas.
Chama a atenção nas situações denunciadas pelo Correio, o volume de recursos públicos destinado às ONGs sem a devida comprovação do uso que lhe foi dado. Trata-se de algumas dezenas de milhões de reais.
Chocado pela situação denunciada, apresentei requerimento de informação ao Ministério da Educação, solicitando explicações detalhadas sobre a situação das ONGs no Brasil Alfabetizado, com discriminação inclusive das avaliações obtidas pelo programa junto ao TCU.
O programa, criado em 2003 por meio do Decreto nº 4.834, com a finalidade de erradicar o analfabetismo no País, foi reorganizado este ano de 2007, por meio do Decreto nº 6.093, e passou a ter por objetivo a universalização da alfabetização de jovens e adultos de 15 anos ou mais.
Reduzido o espectro de suas pretensões – não mais extirpar a histórica e danosa herança bárbara do analfabetismo que nos lança, como Nação, às entranhas do subdesenvolvimento, mas tão somente universalizar a alfabetização para uma faixa etária específica -, o programa passou a ter uma prioridade originalmente não definida: os Estados e Municípios com os maiores índices de analfabetismo, e não mais o País como um todo.
Além disso, deixou de ter sua implementação feita em regime de colaboração da União com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e organismos da sociedade civil. Ao invés do regime geral de colaboração, a União ficou autorizada a, em caráter complementar, para as ações de alfabetização, apoiar entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, incluídas as instituições de educação superior.
Enquanto o Decreto nº 4.834/2003, que criou o programa, não se detém em caracterizar os alfabetizadores, deixando a tarefa a critério do próprio Ministério da Educação, o Decreto nº 6.093/2007, que o reformula, é claro: “As atividades de alfabetização de turmas apoiadas pela União serão realizadas, preferencialmente, por professores das redes públicas de ensino dos Estados, Distrito Federal e Municípios”.
Ao que tudo indica, Sr. Presidente, algum problema ocorreu com as organizações da sociedade civil, particularmente as ONGs, e forçou o Governo a reformular o programa, de modo a limitar a participação dessas organizações e, principalmente, deixar preferencialmente a critério de professores da rede pública de ensino – e não mais a alfabetizadores escolhidos pelas próprias ONGs – a tarefa de alfabetizar jovens e adultos no Brasil. É, no mínimo, curioso que a página do MEC na Internet, que até o dia 29 de agosto deste ano, quarta-feira passada, exibia livremente os dados das ONGs conveniadas com o Brasil Alfabetizado, permitindo que fossem feitas consultas como a que argumenta ter feito a reportagem do jornal Correio Braziliense, tenha retirado esses dados do ar e hoje não traga qualquer detalhamento das instituições que até 2006 estiveram à frente do programa. Esse obscurantismo, Sr. Presidente, só nos deixa mais desconfiados e preocupados.
É fundamental que o Sr. Ministro da Educação, Fernando Haddad, se posicione o quanto antes sobre as denúncias veiculadas pelo jornal Correio Braziliense e forneça uma explicação inequívoca sobre o uso dos recursos públicos no principal programa de alfabetização de jovens e adultos do Governo. Só assim poderão se dissipar as dúvidas que hoje pairam sobre todos que se preocupam com a situação da educação no Brasil. Nosso País, que almeja alçar-se à condição de Nação desenvolvida, ainda estampa o vergonhoso cômputo de mais de 16 milhões de analfabetos em seu território, tendo em seu principal programa de alfabetização, o Brasil Alfabetizado, pouco mais de 1,6 milhões de alunos (10% dos analfabetos do País), apesar de um orçamento de 315 milhões de reais para o ano de 2007.
Precisamos de explicações urgentes, Sr. Presidente. O Brasil não pode mais esperar!
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Deputado Manato, é um prazer estar aqui sob a presidência de V.Exa., que também é médico como eu.
Quero comunicar a esta Casa que estamos colhendo assinaturas para a instalação de uma Comissão Geral para discutir a saúde do ponto de vista do atendimento médico. Além das nossas discussões sobre saneamento, estradas, transporte e outras coisas mais, precisamos discutir sobre a saúde.
No entanto, nosso discurso sobre a área da saúde não pode cair no vazio de se colocar toda a culpa na má gestão. A gestão nos hospitais precisa ser discutida, bem como a previsão de recursos no Orçamento para a Saúde. Precisamos tratar da saúde sob o ponto de vista do atendimento médico e da prevenção das doenças no Brasil.
Está ocorrendo no Brasil, celeremente, o afastamento das especialidades médicas, principalmente nas clínicas. Porque, realmente, não há atrativo para que um profissional liberal, com 6 anos de faculdade e mais 3 anos de residência médica, atue sem uma remuneração, pelo menos, digna.
Então, precisamos discutir o papel da Medicina e da saúde no Brasil. Saúde é uma bandeira que todos nós defendemos. Mas ela precisa ser tratada do ponto de vista da prevenção.
Sr. Presidente, aproveito para solicitar o empenho desta Casa para que terminem as obstruções às medidas provisórias, porque a PEC dos Vereadores, que recompõe proporcionalmente o número de vereadores nos Municípios – e reduz os gastos com as Câmaras Municipais – precisa ser votada.
É preciso normatizar as eleições de 2008, uma vez que estamos sem qualquer critério normativo. A norma criada pelo Tribunal Superior Eleitoral destinou-se à eleição passada. Se não fizermos a nossa parte, com certeza, em 2008, teremos uma nova regra para um novo momento.
Muito obrigado.

O SR. MÁRIO HERINGER (PDT-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, começo meu pronunciamento saudando os trabalhadores rurais que participam da Marcha das Margaridas e aproveito a oportunidade para saudar também o Wilson, da FETAEMG, um lutador em Minas Gerais pelas causas dos trabalhadores rurais.
O que me traz à tribuna, Sr. Presidente, é uma preocupação imediata e maior. Estamos vivendo no Brasil, neste momento, mais um prenúncio de problema na área de saúde, a exemplo do que ocorre hoje em Alagoas e na Paraíba.
A saúde precisa ser tratada de maneira mais verdadeira em nosso País. Concordo com o Presidente Lula quando S.Exa. diz que saneamento é saúde. Concordo que alimento na barriga melhora a saúde. Concordo com tudo isso. Mas temos que separar o que é saúde e o que é medicina, e precisamos fazer isso de maneira clara e sem subterfúgios.
Esta Casa precisa discutir esses temas com profundidade. Por isso, propomos a realização de uma Comissão Geral para tratar dos assuntos relacionados a saúde e medicina, ocasião em que discutiremos, sim, a Emenda Constitucional nº 29 e as ações que a legislação preconiza, bem como as obrigações de cada Estado e as punições para quem não as cumprir.
Por certo, a Emenda Constitucional nº 29 resolve parte dos problemas do setor. Mas devemos discutir também a tabela do SUS, porque não há condições para uma medicina de qualidade com a tabela que temos. É impossível alguém imaginar que com R$2,50 se possa pagar uma consulta médica para tratar alguém da família. É impossível alguém acreditar que as Santas Casas possam viver com essas tabelas e prestar serviço de qualidade e com dignidade à sociedade.
Há uma crise anunciada, Sras. e Srs. Deputados. Em 2005, partindo de uma reclamação da Santa Casa de Juiz de Fora, eu, pessoalmente, realizei pesquisa para avaliar o atendimento de alta complexidade naquela região. Cento e trinta e seis cidades participaram, por meio de seus Secretários Municipais de Saúde, da referida pesquisa, e já se confirmava em 2005 que estávamos próximos do caos.
Um jornalista, em programa televisivo exibido hoje pela manhã, afirmou que o problema é de gestão. Concordo. Há problema de gestão, sim. O nosso Ministro também afirmou que o problema é de gestão. Mas não é só isso. Existe muito mais. Existe uma luta pela perspectiva de futuro da medicina neste País que demanda abordagem diferente.
Hoje, no Brasil, os médicos não querem mais se especializar em clínica geral. Especialidade clínica não remunera adequadamente o trabalho do médico. Corre-se para a medicina dos equipamentos, dos aparelhos, dos catéteres. Aumenta-se assim a busca por uma medicina mais sofisticada e por um salário melhor.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Alagoas e Paraíba estão começando um processo que gerará nos próximos anos o grande apagão da saúde. Espero que possamos, a partir desses exemplos, corrigir os erros para que não tenhamos problemas no futuro.
Muito obrigado, Sr. Presidente.

Aceito que meu WhatsApp seja incluído em uma lista de contatos para recebimentos de avisos sobre o webnário e outros assuntos.